Música de homenagem a pesquisadores de Oxford compara a saga pela vacina de Covid-19 ao caminho trilhado por São José, pai adotivo de Jesus (Imagem: Pixabay)

Com mais de 75 milhões de casos e quase dois milhões de mortes causadas pela pandemia do novo coronavírus em todo o mundo, juntamente com conflitos econômicos e geopolíticos, o ano de 2020 foi sombrio. Contudo, às vésperas do Natal, as vacinas para combater a Covid-19 dão uma sensação temporal de esperança pela qual o mundo ansiava há meses.

Em 18 de dezembro de 2020, a Orquestra Filarmônica de Oxford, em sua apresentação anual de Natal, celebrou não apenas o “Portador da Esperança” mas, especificamente, os cientistas de sua comunidade que ajudaram a desenvolver uma das vacinas Covid-19 agora distribuídas em todo o mundo.

Apresentado no célebre Sheldonian Theatre da Universidade de Oxford, o concerto misturou canções clássicas com peças mais contemporâneas, entrelaçadas para transmitir uma mensagem inconfundível de esperança e gratidão.

Marios Papadopoulos, fundador e diretor musical da Orquestra Filarmônica de Oxford, destacou que, numa época em que a esperança deve vencer o desespero, é importante destacar os sucessos nestes tempos conturbados. “No início do ano, em uma quinta-feira à noite às 20h, nos reunimos nas ruas de Londres e aplaudimos o NHS”, disse Papadopoulos, referindo-se ao British National Health Service. “E eu pensei ‘Por que não comemorar nossa própria equipe em Oxford?’ Na época, mal sabíamos que eles teriam alcançado e publicado seus resultados”. “Além de homenagear seus esforços”, continuou ele, “agora homenageamos sua conquista”.

A apresentação contou com participação da princesa real da coroa britânica Alexandra, a violinista alemã Anne-Sophie Mutter e uma apresentação especial do Adagio da Sonata para Violino Nº 1 em Sol menor de Johann Sebastian Bach, do violinista russo Maxim Vengerov.

O evento também contou com uma nova canção de Natal do compositor e maestro inglês John Rutter: “Joseph’s Carol”, é dedicada ao “pai adotivo” de Jesus, e se baseia especificamente nas narrativas da incerteza e das preocupações que São José deve ter sentido no caminho para Belém. “José é o personagem da história do Natal que mais frequentemente é esquecido, e sempre sinto pena dele”, disse Rutter durante a apresentação. “Ele deve ter sentido que estava trilhando uma estrada muito longa e escura e não sabia o que havia no final dela. Mas, no final daquela longa e difícil jornada, um milagre aconteceu, e é disso que se trata minha canção – um milagre que nunca será esquecido”, explicou.

“Joseph’s Carol”, e toda a apresentação, foram especificamente dedicadas à equipe de cientistas em Oxford – um “obrigado musical”, como disse Rutter. “Eu amo o conceito de José, na sua jornada a Belém, sem saber aonde isso leva”, observou Papadopoulos. “E no final há um milagre de uma forma que narra a jornada dos nossos cientistas”, concluiu.

“Longa e cansativa foi a jornada
Dura e escura a estrada que trilhamos
Profundamente envolto na quietude da noite”
expressa a canção.

“Mas a voz de Deus, sempre presente e sempre encorajadora, move Maria e José adiante para Belém, para que ele, o Rei dos reis e o Senhor dos senhores, possa nascer entre os pobres e mansos para salvar a todos nós”, comenta o maestro. O lançamento de “Joseph’s Carol” é uma homenagem comovente por si só e, curiosamente, coincide com a declaração do papa Francisco do Ano de São José (2020-21), que consta na recente carta apostólica Patris Corde. A apresentação demonstrou justamente isso: que assim como o caminho para Belém foi difícil e incerto, envolto em sombras e dúvidas, com fé e esperança encontraremos o milagre de Deus e encontraremos um novo dia de alegria. A humanidade precisa se munir de esperança para sobreviver a este longo período de escuridão e aproveitar a luz do Sol mais uma vez.

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    * Ana Beatriz Dias Pinto, é comentarista convidada do blog e nos traz reflexões sobre temas atuais e contextualizados sob a ótica do universo religioso, de maneira gratuíta e sem vínculo empregatício, oportunizando seu saber e experiência no tema de Teologia e Sociedade para alargar nossa compreensão do Sagrado e suas interseções. Quer falar com ela? Escreva para [email protected]