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O carnaval brasileiro é uma festa vibrante, marcada por cores, música, dança e alegria contagiante. Arrasta multidões às ruas, cidades e blocos, e é considerado um dos maiores eventos do mundo. Mas o que explica essa paixão nacional? E qual a relação, muitas vezes complexa e contraditória, entre o carnaval e a religiosidade no Brasil?

1. Trajetória do Carnaval no Brasil
Como vimos no post anterior, as raízes do carnaval remontam a festivais pagãos da antiguidade que celebravam a primavera, a fertilidade e a superação do inverno. No Brasil, a festa chegou com os colonizadores portugueses no século XVI, mesclando-se com as tradições africanas e indígenas. Essa fusão deu origem a um carnaval único, com características próprias e uma forte identidade cultural brasileira.

Ao longo dos séculos, o carnaval passou por diversas transformações. No início, era uma festa elitista, restrita aos salões da alta sociedade. Com o tempo, a festa ganhou as ruas, tornando-se cada vez mais popular e democrática. As escolas de samba, com seus desfiles grandiosos e luxuosos, surgiram no Rio de Janeiro no início do século XX e se tornaram um dos principais símbolos do carnaval brasileiro, mas ao redor do país, podemos encontrar ainda inúmeros desfiles de bloquinhos e de carnavais em clubes.

2. A Dualidade do Carnaval na Religião: Sagrado e Profano
A relação entre o carnaval e a religiosidade no Brasil é complexa e marcada por dualidade. De um lado, a Igreja Católica, majoritária no país, tradicionalmente condena a festa por seus excessos, como o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, a sensualidade das fantasias e a liberdade sexual.

Do outro lado, muitos fiéis veem o carnaval como um período de escape das regras e obrigações religiosas, um momento para se divertir e celebrar a vida. Essa visão encontra respaldo em algumas tradições populares, como o “entrudo”, antigo costume português de jogar água e farinha uns nos outros, que se mesclou com rituais afro-brasileiros e ganhou uma roupagem carnavalesca – à qual conhecemos nas versões coloridas de glitter, confete e serpentina!

3. Carnaval e Religiosidade: Entre a Condenação e a Aproximação
Ao longo da história, a Igreja Católica tentou diversas vezes conter o carnaval, sem muito sucesso. A festa se consolidou como parte da cultura popular brasileira e, em algumas regiões, ganhou até mesmo elementos religiosos mesclados com o “profano”.

No Recife, por exemplo, o “Galo da Madrugada”, um dos maiores blocos do mundo, sai às ruas no Sábado de Zé Pereira, dia que marca o início da Quaresma, período de penitência e reflexão no calendário católico. O bloco é considerado por muitos como uma forma de celebrar a vida e a alegria antes do período de recolhimento religioso.


4. O Carnaval como Expressão Cultural e Social

O carnaval brasileiro é muito mais do que uma festa. É uma expressão cultural rica e complexa, que revela a história, a identidade e a diversidade do povo brasileiro. A festa também tem um importante papel social, promovendo a união, a alegria e a igualdade entre as pessoas, além de fortalecer os laços de comunidade.

A relação entre o carnaval e a religiosidade no Brasil é complexa, marcada por contradições e ambiguidades. Apesar de sua relação com o início da Quaresma para a Igreja Católica, a festa se consolidou como parte da cultura popular brasileira e, em algumas regiões, ganhou até mesmo elementos profanos, a partir de elementos religiosos. Este é o caso dos desfiles pelas ruas, que imitam as procissões católicas.

De todo modo, hoje, no Brasil, o carnaval é uma expressão cultural rica e complexa, com um importante papel social – ainda que para alguns seja um período de preparação para o jejum quaresmal e para outros a possibilidade de extravasar e de diversão. No campo cultural, é um momento de celebração da vida, da alegria e da diversidade de nosso povo, que transcende as barreiras religiosas e une a identidade brasileira.


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