Igreja Católica tem dado muitos passos para o acolhimento de pessoas LGBT. (Imagem: Pixabay)

Seguindo a tendência do bom exemplo do papa Francisco, um grupo de bispos católicos dos EUA, incluindo um cardeal e um arcebispo, assinou em janeiro de 2021 uma declaração de apoio aos jovens LGBT, dizendo-lhes: “Deus os criou, Deus os ama e Deus está do seu lado”. Dentre os que assinaram a declaração estavam o cardeal Joseph Tobin, arcebispo de Newark, e o arcebispo John Wester, que lidera a arquidiocese de Santa Fe. As informações são da America Jesuit Review.

“Como vemos nos Evangelhos, Jesus Cristo ensinou amor, misericórdia e acolhida a todas as pessoas, especialmente àquelas que se sentiam perseguidas ou marginalizadas de alguma forma; e o Catecismo da Igreja Católica ensina que as pessoas LGBT devem ser tratadas com ‘respeito, compaixão e sensibilidade’ ”, diz a declaração , divulgada pela Fundação Tyler Clementi, uma organização que combate o bullying LGBT em escolas, locais de trabalho e comunidades religiosas.

“Todas as pessoas de boa vontade devem ajudar, apoiar e defender os jovens LGBT; que tentam suicídio em taxas muito mais altas do que suas contrapartes heterossexuais; que muitas vezes ficam sem teto por causa de famílias que os rejeitam; que são rejeitados, intimidados e assediados; e que são alvo de atos violentos em taxas alarmantes”, continua o comunicado.

“A Igreja Católica valoriza a dignidade dada por Deus a toda a vida humana e aproveitamos esta oportunidade para dizer aos nossos amigos LGBT, especialmente os jovens, que estamos ao seu lado e nos opomos a qualquer forma de violência, intimidação ou assédio dirigido a você.”

O arcebispo Wester disse que o bullying pode ser especialmente tóxico para os jovens que estão tentando chegar a um acordo com sua orientação sexual, especialmente quando eles ou outras pessoas interpretam erroneamente os ensinamentos da Igreja sobre homossexualidade para transmitir a noção de que ser gay seria pecado. Como base, tem a experiência de ter trabalhado com alunos de Ensino Médio, demonstrando-se preocupado com a questão, que precisa ser discutida com mais responsabilidade pela Igreja neste novo momento impulsionado pelo papa Francisco.

Um novo momento de acolhida e diálogo
O arcebispo Wester disse que os jovens LGBT podem às vezes interpretar mal os ensinamentos da Igreja sobre a homossexualidade e pensar incorretamente que, de alguma forma, estariam separados do amor de Deus. “Temos nossos ensinamentos, que valorizamos e estimamos, mas esses ensinamentos precisam ser entendidos no contexto adequado de amor e misericórdia”, disse ele.

“Às vezes as pessoas podem se equivocar, ‘Bem, se é pecado se envolver em um ato homossexual, então devo ser uma pessoa terrível.’ A igreja não ensina isso e é importante [os jovens] não terem essa impressão errada”. Ele acrescentou: “Eu acho que é trágico que os jovens da comunidade LGBT sejam maltratados e ridicularizados”, chamando isso de “outra forma de intolerância e preconceito que vemos em nosso país hoje”.

O bispo Robert McElroy, que dirige a Diocese de San Diego, também assinou a declaração. Em 2016, ele apoiou a ideia de que a igreja deveria pedir desculpas às pessoas LGBT por maus tratos históricos e apelando para que o ensino da igreja sobre o tema use “uma linguagem que seja inclusiva, abrangente [e] pastoral”.

Grupos de acolhida em Curitiba e no Brasil 

O Brasil conta com um intenso trabalho pastoral de acolhida às pessoas LGBT. Dentre eles, destacamos a Rede Nacional de Grupos Católicos LGBT. No Paraná, há iniciativas em Maringá e em Curitiba.

Aliás, oportunidades de acolhida à pessoa LGBT e suas famílias são várias na capital paranaense. Pessoas LGBTQI+ que sejam católicas têm a oportunidade de se sentirem parte da Igreja por diversas iniciativas. Na Paróquia Bom Jesus dos Perdões (Praça Ruy Barbosa), existe um grupo de acolhida com encontros mensais (na pandemia em formato remoto) acompanhados por um frei. Os encontros são formativo-religiosos, com acolhimento e discussões, e ocorrem em uma sala da paróquia.

Também se destaca o Grupo MAMI (Mães de Amor Incondicional), fundado pela dentista Silvia Kreuz. De sua experiência pessoal com uma filha lésbica, a Dra Silvia levou para as esferas da Igreja Católica a discussão sobre a importância de mães e pais de filhos LGBT aprenderem a amar e a acolher seus entes queridos, mesmo em meio aos desafios e preconceitos impostos em suas comunidades paroquiais.

Hoje o grupo MAMI não se restringe ao catolicismo e acolhe pessoas de todas as denominações religiosas – e mesmo quem não as tem. Da iniciativa surgiu também o PAPI, extensão do grupo para pais. E, assim, também os familiares que muitas vezes se sentem culpados, assustados ou com medo da questão homoafetiva podem ser ouvidos e conhecer a experiência de outros pais e mães que passaram pela mesma questão e buscar apoio, amizade, acolhida, escuta e partilha. 

Informações
Quem desejar conhecer um pouco mais sobre os grupos, pedidos de aconselhamento e apoio podem fazer contato com:

– Grupo Católico de Acompanhamento Pastoral com Pessoas LGBT – E-mail: [email protected]
– Paróquia Senhor Bom Jesus dos Perdões (Praça Ruy Barbosa) – (41) 3281-7700
– Grupo Mami – Página do Facebook: https://pt-br.facebook.com/grupomami/

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    * Ana Beatriz Dias Pinto, é comentarista convidada do blog e nos traz reflexões sobre temas atuais e contextualizados sob a ótica do universo religioso, de maneira gratuíta e sem vínculo empregatício, oportunizando seu saber e experiência no tema de Teologia e Sociedade para alargar nossa compreensão do Sagrado e suas interseções. Quer falar com ela? Escreva para [email protected]