O assessor especial do governador reeleito Roberto Requião, o policial civil Délcio Augusto Razera, acusado de realizar escutas telefônicas clandestinas de políticos, jornalistas e empresários será interrogado na manhã de hoje na Comarca de Campo Largo. Razera estava lotado na Casa Civil desde do início do governo do PMDB, em 2003, era subordinado ao servidor Mário Lobo – com trânsito aberto no Palácio Iguaçu – e operava a partir da Imprensa Oficial do Paraná.

O juiz Gaspar Luiz Mattos de Araújo Filho presidirá a sessão, que começará com o interrogatório de seis réus presos. Depois será a vez do depoimento de outros 12 citados, entre eles o diretor da Imprensa Oficial, João Carlos Formighieri, nomeado pelo governador reeleito. Antes de finalizar o processo serão ouvidos as testemunhas de acusação e de defesa para então o juiz definir a sentença.

O caso mais delicado é de Razera. Além de ser julgado por grampos sem autorização judicial, com pena que pode chegar a quatro anos de detenção, o policial civil responderá por outros crimes como formação de quadrilha e advocacia administrativa. Na quinta Vara Criminal de Curitiba ele terá que responder outros processos, como de posse ilegal de arma de fogo, posse ilegal de arma com numeração suprimida, posse ilegal de arma de uso restrito das Forças Armadas, posse irregular de munição e posse de acessórios de uso restrito.

A prisão do assessor do governador e de outras cinco pessoas aconteceu no dia cinco de setembro em Curitiba e foram resultados de meses de investigações da Promotoria de Investigações Criminais (PIC) de Curitiba. Dias depois os deputados estaduais acharam evidências de que Requião poderia estar envolvido com Razera. No dia 11 de setembro a oposição pediu a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar se houve a participação do governador nas escutas ilegais. O procurador-geral do Ministério Público, Milton Riquelme, foi ao horário eleitoral de Requião para defendê-lo das acusações, o que acabou causando uma crise entre os procuradores paranaenses.

Em entrevistas, Requião afirmou que o caso de Razera era um caso de polícia e não político. Falou que não o conhecia e tentou explicar porque a polícia encontrou um arsenal na casa do policial civil – como fuzis e metralhadores – afirmando ser o acusado de escutas clandestinas ser um colecionador de armas. Segundo o governador reeleito todo armamento estaria registrado no exército. Até hoje esses registros não apareceram.

No dia 12 de setembro, o presidente da Assembléia Legislativa em exercício, Pedro Ivo (PT) suspendeu as sessões até as eleições de primeiro de outubro para tentar enterrar a CPI do Grampo. Neste mesmo dia, Razera desmentiu o governador reeleito, em depoimento na PIC, confirmando ser funcionário da Casa Civil e que fazia trabalhos para o governo.