SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Depois de mais de dez dias muito tensos, o São Paulo finalmente voltou a vencer ao bater o Avaí por 2 a 0 nesta segunda-feira (22). O resultado foi um Rogério Ceni aliviado: o comandante são-paulino voltou a criticar a imprensa e, em conversa com seu ex-técnico Muricy Ramalho, admitiu que vida de treinador é mais difícil do que ele esperava.
“Eu não esperava tantas dificuldades assim, talvez até pelo elenco reduzido que começamos a temporada, depois foi encorpando um pouco, mas em algumas posições perdemos jogadores fundamentais e isso fez com que caíssemos um pouco de rendimento. E é duro, lidar com vocês todos os dias não é fácil. É muito mais fácil ser goleiro do que treinador”, disse, em participação no programa Bem Amigos.
Rogério brincou com Muricy, um dos participantes do programa, e disse que o ex-treinador foi a maior experiência que ele pôde ter na vida.
“A minha maior formação foi um convívio com grandes treinadores, como o Muricy, foi esse o maior estágio, a maior experiência que pude ter na vida durante 25 anos de carreira. Bem que o Muricy tinha razão, a vida de treinador é dura. Se ele quiser trocar comigo [na função de comentarista], estou quase aceitando a proposta”.
O treinador são-paulino voltou a alfinetar a imprensa, principalmente ao falar do vazamento de um incidente com Cícero — uma prancheta chutada por Ceni atingiu, acidentalmente, o meia durante uma bronca geral no elenco. Ele ainda disse que não usará mais números para defender o time nas coletivas.
“Eu não vou mais falar números porque aprendi que o único número que importa é o de gols. Os outros eu vou guardar para mim, para nosso departamento de estatística. Eu não ligo para o que vocês falam, escrevem, a não ser que atinja a honra das pessoas. Mesmo entre vocês existem discussões, discordâncias. A gente tem que saber conviver com a opinião”.
FAIR PLAY
Rogério Ceni ainda reconheceu cobranças ao zagueiro Rodrigo Caio por conta do episódio do ‘fair play’ ocorrido no clássico contra o Corinthians, em abril.
Na ocasião, o jogador do São Paulo avisou ao árbitro que Jô não havia feito falta sobre o goleiro Renan Ribeiro, evitando que o centroavante corintiano recebesse cartão amarelo e fosse suspenso do jogo seguinte. Ceni usou de ironia e citou também o técnico da seleção brasileira, Tite, que elogiou o ato de Rodrigo Caio.
“Minha posição não é tomada em frente às câmeras, depois de analisar todas as situações. Ela é tomada única e exclusivamente na hora do jogo. Com relação ao ato que o Rodrigo Caio comentou, quando ele falou para mim que fez a menção ao não cartão com o Jô, eu até discordo, o Jô empurrou o Rodrigo Caio e poderia ter sido punido com cartão amarelo. Talvez o Rodrigo e o Tite sejam pessoas melhores do que eu”, disse Ceni.
“Dentro do calor do jogo, estou pensando sempre na vitória. Mas não confundam, por favor, em um mundo de tanta corrupção, não confundam um ato de um cartão amarelo, não cheguem a comparar com a política, seria injusto tanto com ele [Rodrigo Caio] quanto comigo. Eu cobro todos os jogadores, e no dia do jogo perguntei se ele sabia que o Jô tinha dois cartões. Mas talvez o Tite e o Rodrigo sejam pessoas melhores do que eu”, repetiu.