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Foto: Divulgação

Se você nunca sentiu dor nas costas pode ser que isso aconteça daqui algum tempo. Dados divulgados pelo Governo Federal através do Instituto Nacional de Seguro Social indicam que o Paraná teve 10.7 mil ocorrências de afastamento de trabalhadores por conta de problemas nas costas. Os números são de julho a dezembro de 2023.

Em entrevista ao programa Bem na Pauta do Estúdio Bem Paraná, o especialista em cirurgia de coluna e médico ortopedista Dr. Antonio Krieger, destacou que o resultado é compatível com aquilo que é observado nos estudos médicos. A dor nas costas, no caso, é a segunda causa de busca de atendimento médico no planeta.

“É impactante não só do ponto de vista de saúde mas também socialmente e economicamente para a sociedade. Quando a gente tem mais de 10 mil pessoas afastadas no nosso estado em apenas um semestre por problemas nas costas, a gente está falando de pessoas que estão fora da força de trabalho e deixando de produzir”, diz

O especialista destaca que a dor nas costas nem sempre vai ser sinônimo de alguma doença, mas sim é um alerta de que algo não está certo. “A partir dali a gente vai investigar a causa dessa dor. Muitas vezes ela é algo isolado. Pode ser algo, mas também uma situação simples, um mau jeito, má postura ou cansaço muscular”.

O médico reforça que há situações que começam a se tornar mais graves como a hérnia de disco, pensamento de uma raiz nervosa e o fechamento do canal da medula.

Como medir um episódio de dor?

Krieger explica que quando um paciente chega no consultório para relatar que há um episódio de dor, muitos médicos costumam utilizar um instrumento chamado de “Escala Visual Analógica (EVA)”. A ideia é identificar a intensidade daquele desconforto sentido pelo paciente. Além disso, o recurso também é importante para verificar a evolução do paciente durante o tratamento e mesmo a cada atendimento.

“É uma régua de 0 a 10, em que 0 é não ter dor, a intensidade da dor é nula. No 10 é a pior dor que a pessoa já sentiu na vida. Normalmente de 0 a 3 a gente considera uma dor leve, 4 a 7 uma dor moderada e acima de 7 então até 10 uma dor intensa. Isso nos ajuda a entender o grau de gravidade da pessoa”

Quais dores são mais comuns no trabalho?

Segundo o especialista, a dor mais comum nos dias de trabalho é a lombar (lombalgia). Esse desconforto está relacionado de forma direta a ações mecânicas, má postura e má ergonomia. Fraqueza muscular, encurtamento, flacidez, sobrepreso, entre outras questões são fatores de risco.

Outro tipo de desconforto frequente é aquele no ciático. A dor ciática é aquela que vai além das costas e corre para a perna. Uma dor frequente também é a da intensidade do canal, que acontece em pessoas mais idosas quando o canal da medula começa a fechar, apertar e o paciente começa a ter dificuldade de caminhar.

O Dr Antonio explica que há momentos em que os pacientes devem se preocupar e ir na busca por um médico.

“Nós temos o que chamamos de bandeiras vermelhas, ou red flags, que são sinais de alerta de que aquilo já está precisando de uma avaliação especializada e não apenas de um autocuidado em casa. Obviamente, todo mundo vai ter um mau jeito aí que dura um, dois dias, uma dor nas costas, qe vai passar por conta, sem fazer nada. Mas quando temos uma dor que passa de 3 dias e não melhora, não alivia com medicação e associada a perda de força, por exemplo, da perna, do braço, ou alteração de sensibilidade, é o momento de procurar um médico”

Mesa de jantar não é escritório

Com a pandemia e o aumento no número de pessoas em home office, diversas empresas forneceram aparelhos como o Notebook para que os funcionários passassem a trabalhar de casa. “Mesa de jantar não é escritório! A pessoa não tinha estrutura não tinha um ambiente propício não tinha móveis adequados não tinha um lugar com ergonomia nada”, diz Krieger.

O médico ressalta que antes de tudo é importante garantir a ergonomia. “Fazer com que a gente tenha uma cadeira com apoio para as costas e que a gente não sente só num banco ou uma cadeira que tenha um apoio baixo. Minha coluna precisa estar apoiada na cadeira”.

Outra recomendação está nos pés: “Que os meus pés sempre estejam tocando no chão, ou seja, que eu possa distribuir o peso do meu corpo nos meus pés. Se eu tenho uma cadeira muito alta e o meu pé fica balançando, o peso todo cai na minha lombar e fica distribuído só ali. Evite também trabalhar inclinado”.

Como eu fortaleço minha coluna?

Antonio Krieger explica que há um tripé que deve ser seguido para proteger e estabilizar a coluna dos pacientes. O fortalecimento começa em abdômen, musculatura das costas e manter a musculatura posterior das coxas alongada.

O especialista recomenda que exercícios como yoga, pilates, musculação, treino funcional, crossfit, natação, luta e dança pensando em trazer benefícios a coluna. “Serve para conviver no dia a dia sem dor”, conclui.

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