Campanha eleitoral é sempre assim. No começo, todo mundo posa de bonzinho, com aquele discurso de cerca lourenço, de temos que pensar nas pessoas e tal. A medida que a eleição vai se aproximando a coisa muda. E quem está atrás parte para o ataque. Este ano não é diferente. Na disputa presidencial, por exemplo, José Serra (PSDB) – que chegou a usar a imagem de Lula em seu programa – partiu para cima do PT e de Dilma Rousseff. No programa de ontem, explorou o caso da quebra de sigilo fiscal de sua filha. E apontou as supostas fragilidades da adversária. Eu não cheguei na vida pública agora, nenhum padrinho me trouxe aqui. Não vou precisar ficar perguntando, nem pedindo autorização para ninguém. No Paraná, o primeiro a abandonar a fase paz e amor foi o deputado federal e candidato ao Senado, Ricardo Barros (PP). Partiu para o ataque contra o líder das pesquisas, Roberto Requião (PMDB), afirmando que é contra tudo o que o peemedebista representa, e explorando em especial os problemas na segurança pública. Daqui para frente vai ser assim. O que não deixa de ser útil para o eleitor, que assim pode conhecer melhor as contradições de cada candidato.

Colorido
Estacionada nas pesquisas, a presidenciável do PV, Marina Silva, também mudou o discurso. Disse que os dois candidatos (leia-se Dilma e Serra fazem campanha de chantagem emocional como se o povo fosse um menino, e apresentam duas novelas, um com o Brasil azul, e outro rosa.

Segunda chance
Segundo a candidata, no Brasil real a coisa é muito diferente. Por isso, pede, o eleitor deve levar a disputa para o segundo turno, para que haja chance do País tratar dos problemas reais e achar soluções reais.

Tudo bem
Já o programa de Dilma continua na mesma. Tudo divino maravilhoso. Ontem, ela prometeu melhorar todo o sistema de saúde, implantar um novo modelo de segurança pública e por aí vai. Sobre a quebra de sigilo da filha do adversário, obviamente, nada.

Filosófico
Eymael (PSDC) pergunta: onde estamos? Aonde queremos chegar?.

Internacional
Ivan Pinheiro (PCB) reeditou o discurso antiamericano da esquerda latino-americana dos anos 70. Quer retirar as tropas dos Estados Unidos do continente. E substituir os soldados brasileiros no Haiti por médicos e engenheiros. Só faltou defender a libertação do Tibet.

Mundo cão
E dê-lhe desgraça no programa tucano. 50 milhões brasileiros não tem agua encanada; mais gente ainda não tem esgoto; todas as cidades grandes têm favela.

Cenográfica
Depois de mostrar obras de habitação na favela de Heliópolis, em São Paulo, o programa tucano exibiu depoimentos de moradores afirmando que Dilma esteve no local e só passou para gravar o programa de TV para dizer que ela fez. Já Serra garantiu: nasci e morei muitos anos em uma casinha simples de dois comodos. O banheiro era fora. Sei onde o calo aperta, não de ouvir falar.

Engajado
O deputado federal e candidato à reeleição, Reinhold Stephanes, mostrou que ao contrário de alguns companheiros de partido, vestiu mesmo a camisa da campanha de Osmar Dias. Fala mais do candidato ao governo do que dele mesmo na propaganda.

Nepotismo
Já o sobrinho de Requião não perdeu a oportunidade de apelar para o parente famoso: aprendi com meu tio fazer política séria, diz.

Astros
Hussein Bakri (PSDB) diz que a grande maioria dos deputados vira estrela, esquece as bases depois de eleito.

Mundo feliz
A propaganda de Gleisi Hoffmann (PT) na televisão é como a candidata, um show de fofice, com direito a coraçãozinho estilizado e tudo mais.

Segundo
Rubens Hering, candidato ao Senado pelo PV, pediu o segundo voto dos eleitores. Sabe que não tem chances de obter o primeiro.

Faxina
A crise no Legislativo estadual está sendo tema recorrente da campanha. Candidato a deputado estadual, o professor Adão (PSDB) promete combater os ratos da Assembleia. Já Raymundo Rocha Loures diz que lugar de bandido não é Assembleia.

Chapéu
Conhecido como amigo pessoal de Lula, o pecuarista Valter Sâmara (PTB), resolveu se candidatar a deputado federal. Aparece na propaganda com o tradicional chapéu na cabeça. Mas agora que o amigo não vai estar mais em Brasília?

Macete
E a professora Maria Tereza (PDT) usa um expediente curioso para fixar os números de sua candidatura: 1233. Pense nos doze apóstolos e na idade de Cristo.