O Pará é o estado brasileiro com a maior lista de fazendas flagradasexplorando trabalhadores escravos, de 2002 e 2004. Entre os cincoprimeiros municípios do ranking, quatro são paraenses. Só no município de SãoFélix do Xingu, 277 trabalhadores foram libertados em 19 ações


O dado consta do relatório Trabalho Escravo no Brasil do Século XXI, daOrganização Internacional do Trabalho (OIT), que associa a prática aosdesmatamentos na Amazônia Legal. De acordo com o relatório, os assassinatos nocampo estão relacionados aos conflitos agrários.


O Pará, por exemplo, está na tabela do Instituto Nacional de PesquisasEspaciais (Inpe), apresentada no relatório, como um dos estados que maisdesmatou áreas da Amazônia Legal em 2002.O estado também figura na lista deassassinatos no campo da Comissão Pastoral da Terra (CPT).


São paraenses os três primeiros municípios com o maior número de mortes -Novo Repartimento, Marabá e São Feliz do Xingu. Neste último, 11 pessoasmorreram entre 2001 e julho de 2004. O que não significa que a causa dasmortes esteja relacionada ao trabalho escravo, e sim que esses são locaisperigosos para os trabalhadores, pois são palco de conflitos, diz o texto dapesquisa.


De acordo com o coordenador do relatório, Leonardo Sakamoto, com ocruzamento de dados foi claramente possível enxergar focos de trabalho escravoem regiões de fronteira agrícola do estado. Os mapas mostram que a expansão deplantações coincide com a libertação de trabalhadores, afirmou.


As atividades desenvolvidas pelos libertados também ratificam a tese. Amaioria dos trabalhadores rurais libertados está em serviço da abertura detrilha na mata virem para a entrada de motosserras, derrubada de árvores para aprodução de cercas e retirada de tocos e raízes para a preparação do solovisando a implantação de pastos ou lavouras, informa a pesquisa.


O relatório da OIT, divulgado hoje (20) analisou dadoscoletados de 2004 a janeiro de 2005 pelo Ministério do Trabalho. A pesquisateve como meta avaliar o Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Escravoproposto pelo governo federal em 2003.