AMANDA NOGUEIRA SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O grupo Rammstein não tem planos de aposentar o teor provocativo de suas canções, alvos de constantes controvérsias, para compor com o intuito exclusivo de agradar aos ouvintes.

“Uma banda de rock sempre deveria ser provocativa. Quem além de nós para deixar o mundo alerta de certas realidades?”, questiona o guitarrista Richard Z. Kruspe, 49. A banda toca nesta quarta (7) no Maximus Festival, no autódromo de Interlagos, para um público que pagou de R$ 440 e a R$ 800 pelo ingresso.

Com letras que abordam de questões existencialistas a tabus como incesto e canibalismo, o grupo alemão de metal industrial está acostumado com a censura -o sexto e mais recente álbum, “Liebe Ist für Alle Da”, sobre “liberdade sexual”, recebeu censura da imagem de Kruspe batendo em uma mulher pelada e da faixa-título.

O governo alemão também baniu performances ao vivo da canção. Ainda assim, Kruspe se diz surpreso e preocupado com o conservadorismo extremo que percorre o mundo atualmente.

“Como ser humano fico muito preocupado, o mundo está fodido e não parece estar melhorando”, diz. O músico cita o Brexit e a campanha de Donald Trump como exemplos de uma realidade preocupante. “As pessoas estão confusas e é muito fácil agir através do medo dos outros”, diz o guitarrista em entrevista à Folha de S.Paulo, de Berlim.

Nos palcos, a banda pode impressionar com suas performances inflamáveis, agressivas e por momentos divertidas, com figurinos e efeitos de pirotecnia característicos. “Estamos basicamente interpretando um papel, que tem a ver com nossa personalidade, claro. Acho importante criar essa ilusão entre o artista e o fã”, diz Kruspe.

Mas o teatro se restringe aos shows. Segundo ele, a banda não pretende fingir uma trajetória que não seja genuína. Não que já não tenha tentado: no início da carreira, Kruspe passou uma temporada nos EUA para tentar assimilar elementos da cena musical local; Till Lindemann, o vocalista e poeta por trás das canções, até tentou compor em inglês, mas desistiu ao perceber que a essência de suas letras se perderiam na tradução.

“No fim das contas, você vê o quanto perde pensando em carreira. As pessoas se preocupam mais com os likes no Facebook do que com a música que querem fazer.” Para o guitarrista, a conquista de um resultado único é o que une os integrantes -exceções às regras, eles seguem com a formação original há mais de duas décadas.

“Passamos por momentos obscuros e eu fiz terapia para continuar, mas, quando olhamos para trás, o maior desafio como ser humano é ver o gênio no coletivo e perceber que o que criamos é maior do que nossos egos.”

OUTRAS ATRAÇÕES — A primeira edição do Maximus Festival, que pretende mostrar nomes da cena de rock mundial, conta com 11 bandas internacionais e quatro nacionais em 12 horas de shows no autódromo de Interlagos. Além de Rammstein, destacam-se os norte-americanos Marilyn Manson, Halestorm e Disturbed. Representando o cenário nacional, apresentam-se bandas como Project 46, Far From Alaska e Ego Kill Talent.

MAXIMUS FESTIVAL

QUANDO: Quarta (7), às 11h (abertura dos portões)

ONDE: autódromo de Interlagos, av. Sen. Teotônio Vilela, 261

QUANTO: de R$ 440 a R$ 800 p/ livepass.com.br

CLASSIFICAÇÃO: 16 anos