Na época me causou espanto a pressão exercida por parte de integrantes da diretoria do Paraná Clube que teve como conseqüência afastamento do presidente Rubens Bohlen. Não entendia os motivos que levaria um homem íntegro a ser retirado do comando depois de ser legalmente eleito. Todos sabiam das dificuldades financeiras do clube. Entretanto, passado algum tempo, já é possível ver mudanças positivas daquele movimento. Um novo grupo entrou em ação e não foram mais ouvidas reclamações de falta de pagamentos aos jogadores e funcionários. Se houve, está sendo tratado internamente.
Se internamente as noticias são boas, no gramado não é diferente. A nova cúpula errou ao trazer o técnico Nedo Xavier após a contratação de vários jogadores. O correto seria montar um elenco em conjunto com o treinador. Não deu certo e os números comprovam isso. Contudo, depois dos primeiros erros, houve mais um acerto da diretoria ao trocar a comissão técnica. Fernando Diniz chegou a meio a desconfianças pela forma que gosta de trabalhar. Hoje, é possível ver no Paraná Clube um time de futebol. Pode-se discutir se gosta ou não, mas não se pode negar que o time tem personalidade e joga do mesmo jeito dentro e fora de casa. O resultado pode ser visto na tábua de classificação. No ultimo jogo em casa, o Paraná Clube passou como quis pelo Náutico, um dos melhores times da Série B.

Surpresa 2
O Atlético surpreendeu a todos quando figurou entres os primeiros colocados no Campeonato Brasileiro. Afinal, a sua participação no Paranaense fora sofrível. Era de se esperar que ao entrar na competição nacional, com equipes mais fortes, o seu desempenho fosse piorar. Mas a diretoria fez um bom trabalho, trocou de treinador e conseguiu ajustar o time.
Quando o time figurava entre os primeiros, eu recebi muitas criticas pelas minhas previsões. Pois pensava ser difícil o Atlético fazer parte da primeira tela de classificação, mas isso no final do campeonato. E, naquele momento, o time estava brigando pela liderança. Não acreditava — e ainda não acredito — na possibilidade de o time disputar o titulo, também não creio ser possível chegar às disputas da Taça Libertadores de America. Para mim, o time ficara entre os dez primeiros. Puro palpite.
No entanto, fica claro que o técnico Milton Mendes — o qual não acreditava estar à altura do Atlético — vem calando a boca de muita gente, inclusive a minha. Rendo-me. Milton Mendes faz um bom trabalho e por tudo que já mostrou merece e tem condições de comandar o clube rubro negro.

Surpresa?
Quem pensa que as últimas rodadas são fundamentais para rebaixar um time no Brasileirão, informo que esta convicção é equivocada. Para um time ser rebaixado, ele precisa cumprir uma série de erros. Por exemplo, não ter pessoas conhecedoras do mercado e da formação de elenco; não ter convicção no comando técnico; trocar de treinador a cada resultado negativo; não ter unidade em sua diretoria; não deixar claro quem manda em cada departamento e principalmente no clube; não ter dinheiro para investir; investir de forma errada.
Então, no caso do Coritiba, não há surpresas. A falta de dinheiro no clube e a ausência de pessoas talhadas para comandar o futebol fez com o que clube estivesse — e ainda esteja — na lista daqueles favoritos a cair para a Série B.
Vejo que o time tem melhorado seu futebol e aos poucos começa a se ajustar. Isso ocorre por fruto do trabalho do Nei Franco. Entretanto, precisa fazer algo diferente para obter resultados diferentes. De nada adianta melhorar o seu desempenho em campo se não houver resultados positivos.

Edilson de Souza é jornalista e sociólogo