E lá vem o Dia das Crianças! E com ele, o discurso se é correto ou não dar presentes; melhor os livros, não, um passeio, ou então brincarmos juntos e tirar esse materialismo selvagem do século XXI. O Dia das Crianças vem mostrar o quanto a infância é importante, não sei como é que a gente se esquece disso. Esquecemos brincar cinco minutinhos de jogar uma bola, de deitar e fazer rolinho, de lamber o restinho de bolo da tigela, de sujar a roupa sem culpa, dormir sem escovar os dentes, enfim de ser criança com eles.

A criança saiu da ala das amas de leite e de onde ficavam com os animais domésticos para se tornar o rei ou a rainha da casa. Um reinado de um infante que não tem maturidade, só vontade. Nós adultos, esquecemos a evolução na hora de educar e hoje recorremos a tutorias da rede. Educar custa tempo, empenho e amor. Educar custa àquela meia hora de cócegas e batalha dos travesseiros que você daria para ficar jogado no sofá depois de um dia árduo de trabalho. Quando seu filho chama pai, mãe venha aqui – e você tem uma tarefa importante, talvez seja aquele minuto que faça a diferença na vida dele. Não, sem culpa, educação e culpa não podem andar juntas. A batalha é diária, mas a reflexão e a atitude são agora!

Nesse dia das crianças, eu vejo que ganho um super presente, percebo que eu dei vida a minha criança feliz que sempre fui: vejo minha filha de oito anos brincar de bola, andar de bicicleta e curtir as velhas brincadeiras de elástico e cama de gato. Gente, essas brincadeiras não morreram com o tempo, elas brincam disso na hora do recreio. O tal do come-come, aquele papel com alternativas, amor, paixão, amizade, etc, etc, e o famigerado caderno de confidências apareceu dia desses na mochila da menina. Existe o tablet, a TV a cabo, o smartphone, mas a criança ancestral gosta de brincar como nos velhos tempos, basta permitir, incentivar e participar. Aos chatinhos e politicamente corretos de plantão que querem alterar a cantiga do atirei o pau no gato, um recado: as crianças são bem menos complexas e não tem o repertório de maldades de um adulto, então relaxa!

E para arrematar essa crônica do dia das crianças, outra salvação infantil recém-descoberta: ainda existem os meninos da 5ª série com a piadinha Olha o avião! (apontando o dedo para o céu e o colega olha) Caiu seu calção! (daí o garoto puxa a bermuda do outro e tem ataque de risos).

Ronise Vilela é jornalista e mãe. Sugestões de pauta podem ser enviadas para [email protected]