Quem anda pela região central de Curitiba se depara com muitos carros, edifícios, barulhos incessantes. Contrastando com o cenário urbano, algumas praças com suas árvores, chafarizes e simpáticos bancos. Mas nem sempre foi assim. Até algumas décadas atrás, a selva de pedra e ferro curitibana era muito mais verde, muito mais natural. Prova disso é que são quatro os rios e diversos os córregos que cortam o coração da cidade. Hoje, porém, estão invisíveis, enterrados e escondidos debaixo dos asfaltos e calçadas.

Em ocasiões excepcionais, contudo, esses rios mostram a cara. Foi o que aconteceu na madrugada de ontem na Praça Carlos Gomes, onde surgiu uma cratera na esquina das ruas Monsenhor Celso com a José Loureiro. Segundo a Prefeitura, o local seria uma galeria antiga do Rio Ivo. Do alto, inclusive, é possível ver a correnteza do curso de água.

O Rio Ivo, contudo, é apenas um dos quatro que cortam a região central da cidade. Segundo a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA), ainda estão escondidos no centro de Curitiba, vítimas do crescimento descontrolado da população urbana a partir da segunda metade do século 20, os rios Belém, Água Verde e Juvevê, além de diversos córregos, entre eles o Pilarzinho, o Tarumã e o Tapajós.

Caminho inverso

Depois de décadas com os recursos hídricos submetidos a graves pressões, com a impermeabilização e canalização de diversos rios, a Capital agora começa a tomar o caminho inverso, em busca de um desenvolvimento sustentável e também da recuperação ao menos de parte daquilo que foi tapado por concreto. A meta, inclusive, é ousada: conseguir, até 2034, recuperar os rios da Capital, tanto em termos de poluição, como a sua renaturalização.

No passado, foi uma alternativa bastante utilizada (a impermeabilização e canalização de rios). Hoje, boa parte das cidades mais desenvolvidas, preocupadas com a sustentatbilidade, não tem mais utilizado essa estratégia. E algumas cidades, como Curitiba, estão fazendo renaturalização, mantendo os rios naturais, explica o secretário do Meio Ambiente, Renato Eugenio de Lima.

O trabalho que estamos fazendo hoje está garantindo que a cidade, daqui a 10 anos, tenha a possibilidade de conviver harmonicamente com processos naturais, que ela esteja preparada, mais resiliente e respeite a natureza no sentido de conseguir um Ddsenvolvimento sustentável, complementa.