Escolha a vida. Escolha um emprego. Escolha uma carreira. Escolha uma família. Escolha uma televisão enorme. Escolha máquinas de lavar, carros, CD players e abridores de latas elétricos. Escolha saúde, colesterol baixo e seguro dentário. Escolhi não escolher a vida. Escolhi outra coisa. E as razões? Não existem razões. Quem precisa de razões quando você tem heroína?.” Foi com esse discurso ao som de Lust for Life, de Iggy Pop, Renton (Ewan McGregor,) abria Trainspotting – Sem Limites (1996) enquanto fugia da polícia. Baseado no livro do Irvine Welsh e contando a história de um grupo de viciados na Edimburgo da década de 90, O filme não só apresentou Ewan McCgregor ao mundo como marcou a carreira do diretor inglês Danny Boyle. Agora, toda expectativa paira sobre sequência do cult, T2: Trainspotting, que estreia hoje, já com a proeza de reunir o elenco 21 anos depois. Spud (Ewen Bremner), Sick Boy (Jonny Lee Miller), Begbie (Robert Carlyle) e Renton, que retorna a Edimburgo de Amsterdã, onde vive, para fazer as pazes com os amigos mesmo após fugir com o dinheiro de uma transação de heroína que deveria ter dividido com os amigos.

Quem assina o roteiro de T2 é John Hodge, também do primeiro filme, mas desta vez baseado em Porno (2002), livro de Irvine Welsh que retoma os personagens de Trainspotting, mas dez anos após a história original. Duas décadas depois: Ewen Bremner, Ewan McCgregor, Jonny Lee Miller e Robert Carlyle.

Pois bem, 20 anos depois, Spud ainda é um viciado atrapalhado, Sick Boy é um cafetão agora viciado em cocaína Franco está planejando sua fuga da cadeia e Renton aparenta ter tomado jeito. A direção segue a mesma cartilha: sotaque escocês carregado, muita referência pop, câmeras agitada e maravilhosas. O tom do filme alterna entre triste e engraçado, o nostálgico e o Instagram, a jovialidade e o peso da idade.

Com o mesmo carregado sotaque escocês (no filme original, os 20 primeiros minutos foram dublados para que a audiência americana pudesse entendesse o que diziam os atores), repleto de referências pop e recursos estéticos que caberiam em um videoclipe, T2 reúne velhos amigos lidando com o passado sob a luz melancólica da meia-idade. É triste e engraçado, nem tão arrebatador quanto o primeiro, mas está longe de decepcionar. E Renton retoma seu velho discurso, agora citando Facebook e Instagram. O diretor de Trainspotting, Danny Boyle, disse que há potencial para um universo cinematográfico expandido baseado nos personagens de Irvine Welsh, autor dos romances que deram origem aos filmes.

A trilha é show
A trilha sonora em Trainspotting 2 é tão boa como na primeira versão. Nós procur-amos fazer algo que fosse mais moderno, para que não ficás-semos presos ao passado. Tem Young Fathers, que surgiu na mesma região onde Irving Welsh, autor do livro que deu origem ao filme, explicou o diretor Danny Boyle. A trilha tem clássicos como Queen, Blondie e The Clash, mas há surpresas.