BELA MEGALE BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acatou o pedido da Odebrecht para manter o sigilo das informações sobre corrupção em países estrangeiros reveladas pela empreiteira em acordos de delação premiada e leniência. Janot enviou um ofício a chefes dos Ministérios Públicos de nove países da América Latina que têm em curso investigações relacionadas à Odebrecht informando que pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) manutenção do sigilo de provas e depoimentos que constam nos acordos firmados pelo grupo. No entanto, comprometeu-se a compartilhar, a partir de 1º de junho, data em que o sigilo terminaria, informações a países que enviaram ao Brasil pedidos de cooperação internacional. O material, porém, só poderá ser encaminhado às nações que firmaram acordos com a Odebrecht ou com seus delatores, segundo as tratativas assinadas com executivos da empresa e homologadas em janeiro. Países que fizeram propostas a executivos do grupo e que lhes garantiram que não sofrerão punições também podem ter acesso ao material. Até o momento, o único país que assinou e homologou acordo com a Odebrecht foi a República Dominicana. A empreiteira tem negociações em andamento com Argentina, Chile, Colômbia, Equador, México, Panamá, Peru, Portugal, Venezuela, Angola e Portugal. Com a medida, Janot coloca pressão para que autoridades estrangeiras firmem acordos com o grupo baiano, pois essa se torna a única via para terem acesso às delações. Se o sigilo fosse levantando, a avaliação da Odebrecht é que seria muito mais difícil dar continuidade às negociações que mantém no exterior. Em fevereiro, procuradores-gerais de dez países que têm investigações em curso ligadas à Odebrecht estiveram em reunião na PGR (Procuradoria-Geral da República), em Brasília, para discutir o compartilhamento de provas da delação da empreiteira. Eles chegaram, inclusive, a assistir apresentações feitas por advogados do grupo. Em dezembro de 2016, o DoJ (Departamento de Justiça dos Estados Unidos) revelou documentos nos quais detalhava supostos subornos de cerca de US$ 788 milhões por parte da empresa brasileira em 12 países da América Latina e África.