FLAVIA LIMA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A agência de classificação de risco Fitch Ratings diz que a devolução de recursos do BNDES ao Tesouro e ao FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) pode minar a capacidade de empréstimo do banco em 2018.
O presidente Michel Temer aprovou recentemente o pagamento antecipado de R$ 180 bilhões em dívidas do banco ao Tesouro para ajudar a equilibrar as contas do governo -R$ 50 bilhões em 2017 e R$ 130 bilhões em 2018. Além disso, o banco deve devolver R$ 16,3 bilhões ao FAT.
Segundo a Fitch, a participação de mercado do BNDES diminuirá gradualmente, acompanhando a redução das captações de baixo custo provenientes do Tesouro. A agência acredita que o banco vai priorizar, em sua estratégia de empréstimos a taxas mais baixas, pequenas e médias empresas.
Segundo o estudo, a recuperação da economia pode ajudar o BNDES a encontrar alternativas para continuar a desempenhar o papel de banco de desenvolvimento.
Em junho de 2017, diz o estudo, as captações vindas do Tesouro Nacional somavam R$ 417 bilhões, ou 52% das obrigações totais do banco. Após a antecipação do pagamento, elas devem ser reduzidas para R$ 237 bilhões.
Recursos do FAT corresponderam a 30% das obrigações no período.
Com a última antecipação de pagamento ao Tesouro, que ocorreu no fim de 2016 e somou R$ 100 bilhões, o total de dívida devolvida somará R$ 280 bilhões. Considerando o valor que pode ser devolvido ao FAT, o total sobe para R$ 296,3 bilhões.
Para a Fitch, a liquidez do banco não deve ser pressionada neste ano, pois R$ 57 bilhões emprestados devem voltar ao caixa da instituição.
Isso significa que, sem considerar novos desembolsos de crédito, o caixa do BNDES ainda ficaria em torno de R$ 147 bilhões em 2017.
A Fitch ressalta que a implementação gradual da TLP, a nova taxa de juros de longo prazo, pode beneficiar as receitas do BNDES em um período maior, mas a rentabilidade do banco pode ser pressionada em razão do menor volume de empréstimos.