Arquivo pessoal

Na semana passada eu reencontrei a minha versão adolescente, ao entrar na capelinha do São José, a escola que estudei nos tempos de ginásio, como era chamado o Fundamental 2 nos anos 80. O lugar era quase igual, sem o choque das hiper dimensões que fazemos quando somos pequenos. Um tom de verde água sobressalente e as imagens de São José e Nossa Senhora Aparecida nos cantos do altar.

De repente, senti o peito inflar e me sentei na mesma terceira fileira à esquerda. Ali eu revivi a menina que fui: introspectiva e nervosa às vésperas de prova, especialmente quando era Matemática. A capelinha era o lugar onde buscava apaziguar minha ansiedade, termo pouco comum naquela época. Pedia para os santos de devoção, os quais não me recordo, para que me ajudassem na hora da prova, porque tinha uma expectativa sobre meu desempenho muito maior do que qualquer pai ou mãe, embora ambos sentissem orgulho da filha estudiosa.

A lembrança foi quase um revival. E ali, passados quase 40 anos senti que apaziguei as inseguranças da menina. O agora mostra uma mulher desinibida, comunicativa e que num cenário inimaginável, com máscara e as mãos recém lambuzadas de álcool em gel viscoso, olhou para os santos, sem ser religiosa e buscou a mesma conexão com o Divino, como tempos atrás. Foi nesse momento que reconheci as duas. Só que desta vez não havia nenhum pedido, apenas agradecimento. 

*Esse texto faz parte da série #contandohistorinhas reproduzido em vídeos no IGTV do perfil @ronisevilelacriativa 

*Ronise Vilela é criativa de conteúdo e desenvolvedora de Comunicação Afetiva. 

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