Denise Duplinski – Ausência intencional de redes sociais aguça percepção da realidade

Trinta dias de abstinência em redes sociais. Não foi 100% em razão de trabalhar com comunicação, mas assim mesmo reduzi o “consumo”, isso mesmo, em rede social se você não é o criador é a criatura! Na primeira semana algumas pessoas me perguntaram o que aconteceu em tom preocupante, outras entenderam a pausa e eu mesma fui a experiência.

Em termos técnicos, a rede da qual mais usufruo é o Instagram, onde interajo com os conteúdos de Comunicação Afetiva e Terapias Integrativas, a audiência e engajamento cresceram espontaneamente. Fiz apenas um reels e oito stories no decorrer desse um mês. Postar aleatoriamente nessa condição é tida como reação típica de reincidência, quando se decide fazer esse detox, de acordo com o psicólogo e psicoterapeuta comportamental Umberto Anselmi, que entrevistei para a coluna, partindo dessa imersão de distanciamento de usuário.

Efeito psicológico – Creio que não seja uma heavy user (usuária viciada em internet), embora a ultraconectividade esteja ligada ao trabalho e ainda às condições “bolha” da pandemia. Entretanto, com pequenas atitudes que aboli para não me sentir tão dependente do ambiente digital, como desativar notificações, silenciar e sair de grupos, limitar o acesso ao smartphone meia hora antes de dormir, a sensação na primeira semana de  ausência nas redes foi calmaria e bom aproveitamento do tempo. Em contrapartida, tive momentos em que não me sentia um ser existente.

“Há estudos que mostram que mais de dois terços das fotos postadas são editadas, ou seja, não retratam a realidade. Desta maneira, o uso que poderia servir para aproximar pessoas que talvez não convivam no mesmo espaço geográfico, pode construir uma realidade impalpável, inatingível, e desta forma, trazer frustrações com o que é de fato real, com a aparência física, com o prato do nosso almoço, com o local onde vivemos”, analisa Anselmi.

É nesse ponto que a experiência me causou o choque mais agudo, compartilhado dias antes com seguidores do meu perfil em uma enquete, a alteração da percepção da realidade nesse uso contínuo das redes. “Mudanças radicais costumam impactar mais, embora tenham efeitos mais rápidos, os índices de “reincidências” são maiores. Dessa forma, há maneiras mais amenas e eficientes de se fazer. Um destes métodos é avaliar em que momentos e como são usadas as redes”, argumenta o psicoterapeuta que ressalta a contribuição positiva das novas tecnologias, porém, com o controle daquilo que nos é benéfico e realmente necessário.

Dicas de uso saudável das redes – Do meu recente ponto de vista, independente do quanto as redes sejam importantes em sua vida, estabeleça o detox. Com data de começo e fim. Recompense o cérebro por essa ação. Observe sua qualidade de tempo.

Anselmi contribui com sugestões interessantes, a partir da escolha dos perfis e conteúdos que você segue. “Tenha cuidado com os chamados influencers, que postam um estilo de vida perfeito, com um corpo perfeito, pratos perfeitos, declarações de amor e situações muitas vezes irreais, pois tornam-se armadilhas para uma frustração na vida real. Logo, o principal e melhor conselho é: siga quem te inspira e é de verdade, o que te agregue, não entre na competição de estilo de vida fictício das redes sociais. Também, tenha cuidado com o que expõe. A intenção das redes sociais é para que as pessoas te conheçam de verdade, então, seja de verdade”, concluiu.

Adolescentes e metaverso – Na próxima coluna continuaremos a respeito do assunto pausa nas redes sociais, com impressões sobre como a geração nativa de internet se comporta e o que afeta a saúde mental deste grupo.

Também falaremos de metaverso, a tendência pós-internet com realidade aumentada, conexões em 3D, num futuro mais próximo do que se imagina. Essa semana, o CEO do Facebook, que detém o Instagram e WhatsApp, Mark Zuckerberg, anunciou que a empresa agora se chama “Meta”, numa alusão ao seu projeto do metaverso.

Você está preparado para um mundo de imersão digital mais profundo?

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*Ronise Vilela é criativa de Comunicação e Escrita Afetiva, Jornalista, Escritora e Psicanalista Integrativa.

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