Como lidar com a frustração, aquele estado motivacional interrompido por fatores não mensurados, desarmônicos com as expectativas, que acontece além do seu controle. Se para um adulto encontrar sua recuperação dessa incômoda sensação às vezes parece algo até infantil, como então podemos dar suporte às crianças e jovens de uma geração praticamente blindada para conviver com as ressonâncias de situações que frustram?

A proteção natural dos pais aos seus filhos, ganhou contornos diferentes ao passar das gerações. E se há décadas passadas os pais preparavam o filho para guerra, hoje se vê os pais indo para guerra no lugar dos filhos, que nem sabem da existência de uma batalha. O caso é que, o descontrole dos limites na educação criou uma horda de crianças e jovens que só agem sob efeito de anestesia. É praticamente quase proibido que sintam a dor.

Por um lado, ultra conectados, informados por todos os meios, com desenvolvimento da inteligência em tempos mais compacto, entretanto, sem ânimo para prosseguir a jornada da vida no primeiro tropeço. A frase “não quero que meu filho passe pelo o que eu passei”, é o tiro no pé da educação moderna. Óbvio que não queremos as mazelas da morte, da violência, da vida torpe para nossas crianças, mas experiência de vida não é algo verbal. Necessita -se de repertório.

Sem caminhar os passos dos filhos

“Os pais ajudam os filhos a aprenderem a lidar com a frustração de maneira positiva, quando propõem tarefas e permitem que os filhos as realizem no seu tempo. Quando permitem que os filhos resolvam seus impasses nas relações interpessoais. Quando deixam que os filhos tenham suas próprias escolhas e podem com as consequências das mesmas. A frustração é fundamental para se desejar algo, para a criação.  É preciso que os pais iluminem os caminhos dos filhos, acompanhando sua jornada sem jamais tentar caminhar seus passos”, analisou a psicóloga e psicanalista em Saúde Mental, Bárbara Ferraz de Campos. E ainda ressalta que “evitar que os filhos se frustrem é uma tarefa irrealizável, que esbarra na condição humana dos pais”.

Não há uma fórmula precisa, mas é importante uma avaliação conjunta, chorar se for preciso, exorcizar o ranço que se forma num castelo desmoronado e tornar a experiência um aprendizado, para que na próxima jornada, se forme uma personalidade calcada na maturidade.

* Bárbara Snizek Ferraz de Campos.  Psicóloga,  psicanalista.  Especialista em Saúde Mental,  psicopatologia e psicanálise, Mestre em Antropologia Social

A frustração é importante para o desenvolvimento da maturidade