Quando se fala sobre o medo, talvez a primeira referência de inconsciente coletivo seja o temor, algo que se tenha receio, que nos faz reativos por representar alguma ameaça. Com isso, o medo é um comportamento primitivo, ligado diretamente à ansiedade e incerteza.
Dessa forma, ter medo de um novo relacionamento, de um diagnóstico de doença, da mudança de uma cidade, do início de um trabalho e assim por diante, nos colocaria nessa situação: a ameaça do desconhecido.
Freud tem um conceito aqui descrito de forma superficial, de que o medo é uma reação de perigo real ou imaginário. Também pode ser considerado um mecanismo de defesa do ego. Um sinal de alerta à sobrevivência e para alguns filósofos, sociólogos e pensadores, o contrário do amor.
Hoje, a Neurociência desbrava os caminhos do medo, ativados pelas redes neurais não só da amígdala, que a grosso modo, desempenha papel de radar do perigo, mas não quero aqui desenvolver teses e sim levar a uma reflexão sobre algo mais próximo: a construção do medo!
“Pela estrada afora eu vou bem sozinha” – Tomo aqui Chapeuzinho Vermelho como um modelo de medo e sua antítese mais simplória, a coragem. Mesmo com a noção dos perigos da floresta, da existência do Lobo Mau e de outras circunstâncias não previstas, ela não tinha a referência real de medo. O Lobo e suas atividades, o caminho errado eram as dicas de que ali existia o perigo.
Mesmo assim, a menina vai cantando, ignorando o medo, pois ele “só existe” no cenário apontado. Chapeuzinho chega a casa da vovó e então acontece todo aquele diálogo dos olhos e boca, numa reação que hoje percebo, de disfunção de medo, ela driblou essa força do pânico em não reconhecimento da imagem, e isso fez com que pudesse fugir do Lobo Mau, este, desconhecendo por natureza, que havia inimigos que o temiam, porém como ele, também caçavam.
Onde quero chegar com essa história? da construção do medo pela experiência. Ela é reproduzida até alguém romper o limite. Imaginem se os homens da caverna tivessem medo de sair da caverna além da noite, além da descoberta do fogo para iluminar, e assim sucessivamente?
O medo também pode servir como arma política de subjugar pessoas, sociedades ao seu papel tido como menor e menos importante, pela figura do poder.
O medo na educação funciona com as mesmas estruturas, pelo poder hierárquico. Educação pelo medo, seja do castigo, da falta de amor.
O medo dos chefes, que distanciam nosso acesso.
Então o medo tem algum papel positivo na existência humana?
Essa reflexão será trazida na próxima coluna.
*Ronise Vilela é criativa de conteúdos de Comunicação Afetiva e Psicanalista Integrativa. Atende pacientes on-line com terapia que inclui escuta ativa, respiração consciente, Escrita Afetiva e meditação fácil.
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