Valdecir Galor

Um grupo de professores criou letras de músicas para ensinar história, geografia, ciências, matemática e língua portuguesa aos estudantes das turmas de 6º ao 9º ano da Escola Municipal Papa João XXIII, no Portão. Com as composições, conseguiram estimular a turma e os resultados aparecem dentro e fora de sala de aula.

A banda de professores Abalo Sísmico e Moderadores do Relevo utiliza redes sociais para conversar e se aproximar dos estudantes. Em sala de aula, em meio à cantoria, o grupo vai conquistando a simpatia e a atenção dos alunos, que aprendem história, geografia, ciências, matemática e língua portuguesa de forma descontraída.

O idealizador da proposta foi o professor de Geografia Wladimir Trevizani, que percebeu momentos de dispersão ou falta de interesse de parte de alguns adolescentes. Trevisan viu que precisava mudar rapidamente a aula para garantir o rendimento dos estudantes. “Como alguns tinham dificuldade em absorver certos conteúdos, eu precisava dar uma animada na aula”, diz.

As possibilidades de usar música no ambiente escolar serviram como inspiração e outros professores se uniram à ideia. Assim foi criada a banda Abalo Sísmico e Moderadores do Relevo. “Além de professores, temos alguns músicos na escola e, então aproveitamos nossa experiência para inserir as canções e trabalhar conteúdos com eles a partir do grupo musical”, explica o professor.

As letras são autorais, criadas a partir de temas do currículo escolar. Quando compõem, os professores unem duas paixões: a educação e a música. Assim são criados refrões e rimas em variados estilos, como reggae, rap, forró, blues e rock, para reforçar conceitos de hidrografia, resolução de problemas, gramática e outros conteúdos.

Soltando a voz

Fãs das bandas, os estudantes leem as letras, discutem os conteúdos apresentados, aprendem a cantar e memorizam as informações com maior facilidade. “Chego em casa cantando, levando o conhecimento das músicas que o professor usa pra nos ensinar”, conta Mateus Rodrigues, 12 anos.

Para o menino aprender coordenadas geográficas bastou ensaiar um rap. “Sempre achei complicado entender a divisão da Terra com linhas imaginárias, mas foi só o professor apresentar a letra e quando vi estava cantando e entendendo como tudo funciona”, explicou Mateus.

A metodologia passou a ser usada frequentemente, porém sempre há uma introdução formal. “Não dá para eu chegar só com a música. Trago os tópicos, por exemplo, o relevo, explico e depois faço a música com eles, que vão me ajudando a rimar”, revela o professor.

Aula show

Na última quinta-feira, (11/10) a banda a fez uma aula show na escola, em homenagem ao Dia dos Professores, que é celebrado nesta segunda (15/10). A iniciativa foi aprovada pela comunidade escolar e os estudantes reconhecem que as músicas têm conteúdo que facilita a aprendizagem. “É muito bom. A gente aprende mais rápido”, garante Mateus.

No canal do Youtube estão alguns dos trabalhos produzidos pela banda: Terra, meu planeta blues, De repente, coordenadas, Com fuso horário, Olha o Vulcão.