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O ano de 2020 tem se mostrado atípico no futebol brasileiro, tanto para quem disputa nos altos como nos baixos escalões. Estar posicionado nesta segunda categoria é a realidade atual do Athletico, por mais improvável que pudesse parecer no começo da temporada.

O time, que começou o ano como um dos favoritos nas casas de apostas como Campobet para ser campeão brasileiro e também ir longe na Libertadores, agora tem que se preocupar com a briga no fim da tabela no nacional. Na plataforma da Campobet, por exemplo, é comum ver o Furacão como favorito contra equipes lá embaixo na tabela, mas com odds maiores que o normal ao pegar equipes do primeiro escalão até quando o jogo é em casa, algo que não era natural há pouco tempo atrás.

Ao mesmo tempo que precisa dividir a atenção com a perigosa luta contra o rebaixamento, tem que buscar o interesse em, finalmente, sair da fila na Libertadores.
Aliás, parece que foi ontem, mas a esperada final de Libertadores entre Athletico e São Paulo já faz longos 15 anos. De lá para cá, é verdade, o Furacão se tornou um dos times mais importantes do Brasil. Está sempre disputando “lá em cima” e conquistando títulos importantes, mas também surgiram momentos difíceis, e esse parece ser outro deles.

O sonho da Libertadores
Quem é mais jovem talvez sequer saiba que, 30 anos atrás, o Athletico-PR era considerado um time de escalão inferior. De fato, o Furacão era um clube estilo “ioiô”, subindo e descendo de divisão até pelo menos 1995, quando foi campeão da Série B e só cairia de novo depois da horrorosa temporada 2011.

De lá para cá, os tempos foram gentis com o time paranaense, que se sagrou campeão brasileiro em 2001, vice em 2004 e vice também da Libertadores em 2005. Mesmo com títulos da Sul-Americana (2018) e da Copa do Brasil (2019), a obsessão do Furacão mesmo é entrar no seleto rol de brasileiros que venceram a Libertadores, tornando-se, inclusive, o primeiro time do seu estado a atingir tal feito.

A campanha de 2005 (a do “quase”) foi marcada por episódios complicados, notavelmente a interferência da CONMEBOL, que não permitiu que o jogo de ida, com mando atleticano, fosse na Arena da Baixada.

Mesmo considerado um estádio ultramoderno para a época e um dos mais avançados da América Latina, a Arena não possuía os 40 mil assentos exigidos pelo órgão para sediar um jogo de final.

A diretoria interferiu, investiu pesado e, em regime de urgência, colocou arquibancadas móveis, que foram inclusive aprovadas pela CBF e pelos órgãos de segurança nacionais. Mas a CONMEBOL não quis saber e transferiu o evento para o Beira-Rio, em Porto Alegre.

O resultado, todos se lembram: empate no Sul por 1×1 e vitória do São Paulo no Morumbi por 4×0, num jogo que traumatizou o Furacão, que nunca mais chegou na final do torneio. Ainda é cedo para dizer, mas não é segredo para ninguém que a menina dos olhos atleticana é a Copa Libertadores da América, o troféu que falta em Curitiba.

Libertadores x Brasileirão: escolha difícil
Se depender do desempenho de primeira fase do Athletico, as coisas estão bem encaminhadas: o time se classificou em segundo no grupo mais difícil de todos, empatado com o surpreendente líder Jorge Wilstermann em primeiro e à frente de ninguém menos que Peñarol e Colo-Colo.

Porém, o sorteio foi cruel com o Furacão: o adversário é ninguém menos que o gigante argentino River Plate, que ainda por cima é o atual vice-campeão da competição. Se conseguir passar ileso das oitavas, o clube paranaense aumenta as chances de ir longe, já que pega adversário, em teoria, menos complicados que o River.

A questão é uma só: o Athletico-PR vai conseguir se dedicar bem à Libertadores considerando sua situação ruim no Brasileirão?

É raro, mas não inédito, ver um time brasileiro jogando muito bem na Libertadores, na Copa do Brasil e até na Sul-Americana e, ao mesmo tempo, no “front” caseiro, estar sofrendo e até mesmo correndo riscos de rebaixamento.

Ainda que classificado para as oitavas da Copa Libertadores, o Athletico é o vice-lanterna do Brasileirão, acima apenas do Goiás, que faz campanha para esquecer. Por ora, a pontuação limite para a zona de rebaixamento é de 20. Mas, com 19 pontos conquistados em 19 jogos, fica claro quão complicada é a situação do Furacão – é o equivalente a ter empatado todos os jogos que fez.

A defesa atleticana não é tão ruim, a bem da verdade: sofreu 21 gols, o que é menos que Atlético-MG, Flamengo e Fluminense, para fins de comparação. O problema mesmo é o ataque: só 15 gols marcados, de longe o pior desempenho do Brasileirão.

A situação ainda é reversível. Mas se a equipe dividir demais a cabeça entre as duas competições, o Furacão pode ter uma surpresa desagradável ao fim da temporada. Cautela e planejamento nunca foram tão importantes.