Tita Blister

Relacionamento tóxico, pessoa tóxica, um dos termos recorrentes das postagens das redes sociais para definir a priori, alguém ou situação que extrapola os limites. A toxicidade se revela quando a dose de remédio vira a do veneno. Mas o que é ser tóxico? É sempre com o outro?

O tal tóxico se assemelha com a inveja, ninguém se põe na condição do invejoso, mas sempre o invejado, porque ser a vítima geralmente é mais confortável.

É até admissível ser a sombra, o maldoso, o ácido, mas quem se diz tóxico? Eu, nunca!!!!

Para alguns, ser alguém tóxico é quando de alguma forma, foi invasivo, burlou algum código de ética sublimar e nos casos mais graves, fingiu que não entendeu os sinais.

Do meu ponto de vista, a relação tóxica tem ligação com controle ( aquela sensação suposta de domínio alheio). Sob essa pauta de envolvimento, a toxidade vai ganhando dimensões da qual uma das partes vai tomando sua dose diária de cicuta e não morre, mas vai definhando e finalmente, perdendo a essência.

Entretanto, em determinadas situações, uma das partes está se sentindo viciada e pode chegar no ponto em que não quer mais a dependência desse relacionamento. Aí, o que geralmente acontece, é uma saída de emergência, o distanciamento ou um comportamento tido como rude.

E como detectar que se está com alguém tóxico? De modo geral, quando há desconforto, quando tudo incomoda e não vou entrar aqui na historinha das projeções. O ponto em que pretendo chegar é o seguinte: e se você for a pessoa tóxica?

E se você for quem está oferecendo o chá com veneno, mas com boa dose de açúcar no seu relacionamento? Velando seu temperamento controlador, inseguro e invasivo.

A primeira vez que me dei conta disso, foi quando alguém que tinha um relacionamento do qual considerava verdadeiro, de uma amizade cúmplice, se rompeu como contas de um colar de pérolas no chão em movimentos saltitantes para todos os lados, ao ouvir da suposta amiga “você está invadindo meu espaço”. Foi um soco, porque sou sim alguém mais despojada nas relações e sabiamente mantendo a distância saudável. Eu tentei conversar, entender onde supostamente ultrapassa a linha divisória da intimidade e me redimir, se fosse o caso. Foi irreversível. De certa forma sempre será.

E no chá das 5 das relações, sejam quais forem elas, quando alguém perde a autonomia e precisa pisar em ovos, pode entender que tomou mais veneno do que remédio, enquanto a outra parte, consciente ou não, continua a encher a xícara.

*Ronise Vilela é jornalista, escritora, poeta, criadora do @dimondicomunicacaoafetiva