SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Prefeitura de São Paulo terminou nesta segunda-feira (25) de receber as propostas das empresas que participaram da maior licitação da cidade, a dos contratos de ônibus pelos próximos 20 anos. 


Dos 32 contratos em disputa, em 31 as empresas pediram a remuneração máxima prevista no edital. Isso só foi possível porque a licitação, na prática, não teve concorrência.


Todas as companhias que assumirão o transporte de ônibus da capital já estavam funcionando na cidade e tinham as melhores condições de frota e, principalmente, a posse de garagem para competirem. Isso afastou concorrentes, embora a prefeitura tenha divulgado sua licitação em diferentes estados e até internacionalmente. 


A discussão para esta licitação se arrasta desde 2013 e passou pela gestão de três prefeitos (Haddad, Doria e Covas). A prefeitura sempre disse estar buscando competição para o setor  que há décadas é comandado pelas mesmas empresas. 


No início do mês, o secretário municipal de transporte Edson Caram, disse que a prefeitura se preparou para receber mais concorrentes, mas os interessados não vieram.  “Eu quero gente nova dentro do mercado e uma condição de disputa melhor. Foi para isso que o processo foi construído. Agora, ter coragem de entrar num processo de licitação desse tamanho, numa cidade como São Paulo… pedidos e pedidos foram feitos, mas o pessoal não veio”, lamentou 


A prefeitura defende que as empresas que concorreram pedindo a remuneração máxima correram o risco de ter sua proposta vencida por outra empresa que apresentasse um pedido de remuneração mais baixo. 


Já para especialistas em transporte, as empresas que já atuam em São Paulo tinham tanta certeza de que seriam as únicas a apresentarem suas propostas que pediram a taxa de remuneração mais alta. “Não tivemos uma concorrência, tivemos uma recontratação e pelo preço máximo. Isso interessa apenas a quem vai explorar o serviço”, diz Sérgio Ejzenberg, consultor em transporte. 


A única empresa a pedir menos do que o teto da remuneração foi a Gatusa, que atuará na zona oeste de São Paulo. 


NOVO SISTEMA EM SP


Entre as principais diferenças do novo edital para o sistema atual de ônibus na cidade é a divisão dos coletivos em três modalidades, em vez dos dois atuais.


Hoje a capital paulista é dividida em oito setores regionais, identificados pelas cores dos ônibus, com dois tipos de atendimento de transporte.


O primeiro tipo é prestado pelas antigas cooperativas de vans e kombis nos bairros. É o sistema local. O segundo abrange distâncias maiores entre regiões diferentes da cidade. Esse é o sistema estrutural, que abarca os grandes ônibus das principais vias.


A ideia agora é criar um terceiro sistema, intermediário entre o local e o estrutural, que será chamado de articulação regional. Ele coletará passageiros em áreas mais adensadas nos bairros e os conectará com ônibus que cumprem distâncias maiores.


O objetivo é que, de um lado, o novo sistema deixe os ônibus locais mais livres, ao permitir que eles atendam mais ruas e com esperas menores. De outro, que haja menos interferência desses veículos menores nas grandes avenidas, destinadas aos grandes ônibus. Assim, os ônibus maiores ganhariam em velocidade média.