Ari Dias/AEN

Representantes dos hospitais, operadoras de planos de saúde, a Associação Comercial do Paraná (ACP) e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) realizaram na manhã desta sexta-feira (19 de junho) uma reunião onlinbe. No encontro, todos os participantes declararam apoio às determinações de isolamento social emitidas pela Prefeitura de Curitiba e pelo Governo do Paraná, além de emitirem um alerta à população paranaense, declarando o temor de os estabelecimentos de saúde não darem conta da demanda por atendimento caso a população não siga as orientações do Poder Público.

A reunião de hoje teve como objetivo traçar uma estratégia única para se tentar conter o avanço da Covid-19 na RMC. Segundo os hospitais, há risco iminente de colapso na rede de saúde, caso não sejam respeitadas as medidas de restrição, principalmente o distanciamento social. “É uma situação muito difícil para nós. Temos que tomar decisões todos os dias para tentar proteger a sociedade porque só a abertura de leitos não vai funcionar”, explicou a secretária de Saúde de Curitiba, Márcia Huçulak.

Por conta desse cenário, todos os participantes do encontro anunciaram apoio às medidas de restrições das atividades, pedindo também a conscientização da população para esse momento crítico no Paraná no que diz respeito à pandemia.

Desde o início da crise do coronavírus, em 11 de março, 2.543 casos de novo coronavírus já foram confirmados e 97 pessoas morreram vítimas da Covid 19 em Curitiba. Os dados são da última quinta-feira (19), quando a taxa de ocupação de UTIs SUS para Covid-19 estava em 75%, com 223 leitos ativados. Nesta quarta-feira, os hospitais públicos e privados já estimavam ocupação entre 85% e 100% das UTIs em geral, sem distinção entre COVID e outras internações, pois há hospitais que não têm UTIs específicas.

Participaram do encontro os presidentes do Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Paraná – Sindipar, Flaviano Ventorim, que conduziu a reunião, da Unimed Curitiba, Rached Traya; da Cassi, Eduardo Lourenço Barbos; da Fundação Copel e representante do Movimento Pró-Paraná, Marcos Domakoski; da Bradesco Saúde, Maire Oliveira; diretores dos hospitais Marcelino Champagnat, Nossa Senhora das Graças, Vita, Nações, Erasto Gaertner, São Vicente, Maternidade Curitiba, Maternidade Curitiba, Sugisawa, Heildelberg. A Associação dos Hospitais do Paraná – Ahopar, presidida por Márcia Rangel, e a Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná – Femipa, também presidida por Flaviano Ventorim, acompanharam a reunião.

Oferta de mais leitos não seria suficiente para conter a crise

Os representantes dos hospitais e as operadoras concordam que, mesmo colocando mais leitos à disposição da rede pública, isso não será suficiente se a propagação do vírus não for contida. E para que a contenção seja possível, é necessário o reforço do isolamento social, além das medidas de segurança amplamente divulgadas, como o uso de máscara e a higienização correta das mãos.

“Estamos buscando alternativas para garantir mais estrutura para otimizar a utilização dos leitos disponíveis na rede pública e privada. Avaliamos a possibilidade de um hospital de campanha apenas para as vítimas da Covid 19”, afirmou o presidente do Sindipar, Flaviano Feu Ventorim.

O presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP) Camilo Turmina, que participou do encontro virtual, reforçou que a associação é sensível aos problemas econômicos do varejo, mas que o isolamento é necessário nesse momento.

O presidente da Unimed Curitiba Rached Traya pede um “salto de ousadia” das autoridades para que a rede de saúde possa se preparar para o aumento da demanda que vai acontecer inevitavelmente, com a chegada de novos casos aos hospitais. Ele elogia as ações de contenção ao vírus desde que a pandemia começou, mas diz que é preciso reforçar essas medidas antes que o caos se instale.

Atualmente Curitiba tem disponível 5.730 leitos gerais nos hospitais privados (sendo que 3.588 são associados do Sindipar, Femipa, Ahopar e Fehopar) e 927 UTIs (sendo que 618 são associados das entidades). Dos leitos associados, a ocupação média de UTIs já está entre 85% e 95%, com pacientes com outras doenças e pacientes com a Covid 19.