Uma breve enquete direcionada exclusivamente aos irmãos mais velhos no meu perfil do Facebook, sobre como eles definiam seu papel na família, não é muito diferente do conceito geral sobre o primogênito. Ou seja, o desbravador de caminhos, o responsável e o pior, o modelo.

Ao mais velho, e aqui exponho a experiência própria, é dada a carga da total expectativa, até porque os pais são de primeira viagem. E quando chegam os irmãos mais novos, a fim de evitar o choque de ser até então o único para dividir sua vida e atenção, é dado um direcionamento de assessor mor do rei e da rainha.

É claro que o mais velho é uma caixinha de surpresas. A falta de experiência dos pais como pais já indica como vai ser a educação deste. Porém, o primogênito, aquele ser que teve todas as expectativas jogadas desde seu nascimento, muitas vezes sente essa responsabilidade como um peso, vedada a alternativa de realmente poder falhar.

Se pela cultura judaico-cristã já se carrega no DNA a culpa desde Caim e Abel, como exemplo máximo, os filhos mais velhos acabam em sua maioria, a se tornar o cuidador dos mais novos e aí pode ter a origem do conceito de chatos, mandões, donos da verdade. São geralmente os atributos dados pelos mais novos, também geralmente mais livres, leves e soltos. Geralmente.

A seguir, alguns dos relatos de irmãos mais velhos comentados nas redes sociais, mas cuja identidade será preservada:

Muita responsabilidade, tipo pai e mãe

Eu acho que irmão mais velho não deveria existir nunca. A gente já deveria nascer como irmão do meio, pra ser poupado das responsabilidades do mundo. E mesmo quando você tenta controlar isso pros filhos, percebe que é algo quase que instintivo do mais velho pro mais novo, para proteger

Abrir o caminho. Não é bem o que esperavam meus pais, mas tenho certeza que as coisas foram mais fáceis pra minha irmã por conta da minha rebeldia

Porto seguro com todas as implicações que isto significa

Uma responsabilidade maior que perdura por toda vida.

É dureza, além da extrema responsabilidade sobre a casa e seus afazeres, o cuidado com os irmãos menores ainda tinha a falta de liberdade. E até hoje estando longe, me sinto responsável por eles. Há certo protecionismo, não sei explicar.

 

Ronise Vilela é jornalista e ativista de redes sociais.