Frankin de Freitas – O Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo é em 20 de fevereiro: conscientização sobre o problema

Em meio à pandemia do novo coronavírus, o Paraná registrou um expressivo aumento nas mortes causadas pelo uso de substâncias psicotrópicas. Segundo dados extraídos do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, em 2020, último ano com estatísticas disponíveis, houve aumento de 13,6% nos óbitos de paranaenses relacionados ao consumo de álcool e outras drogas lícitas ou ilícitas, alcançando-se um recorde na série histórica iniciada em 1996.

Em 2020, que foi também o primeiro ano da pandemia de Covid-19, foram registrados 801 falecimentos no Paraná decorrentes de transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de álcool, opiáceos, canabinoides, sedativos e hipnóticos, cocaína, alucinógenos, fumo, solventes voláteis e outras drogas lícitas ou ilícitas (ou mesmo o uso de múltiplas drogas de forma concomitante).

Na comparação com o ano anterior (2019), quando haviam sido registrados 705 falecimentos no estado, verifica-se um aumento de 13,6% nos registros. Além disso, o Paraná alcança um novo recorde na série histórica: até então, o ano de 2018 (com 736 falecimentos) detinha o recorde de mortes relacionadas ao consumo de drogas lícitas e ilícitas.

Considerando-se ainda os dados da segunda metade da década passada (2016 a 2020), o Paraná registrou um total de 3.536 falecimentos decorrentes de transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de entorpecentes, o que dá uma média de aproximadamente dois falecimentos diários.

No período analisado, as drogas que mais apareceram associadas como causa de morte foram o álcool (com 2.538 notificações ou 71,8% do total de falecimentos desse tipo), o fumo (725 óbitos ou 20,5%) e a cocaína (75 ou 2,1%), enquanto os transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de múltiplas drogas foi associado a 181 falecimentos (5,12% do total de registros).

A cada dia, 25 mortes são registradas em todo o País

Interessante notar, ainda, que a elevação na mortalidade decorrente do uso de drogas não foi exclusividade paranaense. No Brasil, foram registrados 11.071 mortes em 2020, alta de 24,2% na comparação com 2019, quando o país havia anotado 8.917 óbitos desse tipo. Assim como no caso do Paraná, os dados de 2020 apontam para um recorde – na série histórica, o ano com mais mortes até então havia sido 2011, com 9.156 registros.

Não à toa, estudos recentes têm constatado que o consumo de drogas vem aumentando no Brasil e no mundo. O Relatório Mundial sobre Drogas de 2020, divulgado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), revelou que cerca de 269 milhões de pessoas no mundo usaram drogas só no ano de 2018, verificando-se um aumento de 30% em comparação com 2009.

Além disso, estudos feitos no Brasil mostram que o aumento do consumo de álcool, entre outras drogas, tem se agravado no contexto da pandemia de Covid-19. Um exemplo disso é uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em conjunto com outras instituições, a qual verificou que, dos 3.633 participantes, 30% relataram aumento no consumo de álcool e outras substâncias no contexto pandêmico.

Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo

No Brasil, o dia 20 de fevereiro é marcado pela comemoração do Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo. O objetivo da campanha é dar evidência à problemática das drogas, a partir do alerta e conscientização da população sobre os malefícios decorrentes do uso indevido dessas substâncias (que afetam tanto o indivíduo como a sociedade), destacando a importância da prevenção e do tratamento.

Com relação à prevenção, que é uma das formas mais eficazes de combate ao problema, há três níveis de prevenção: prevenção primária (que visa evitar a primeira experiência em relação ao uso de drogas), secundária (que tem por objetivo evitar que pessoas que já experimentaram ou que fazem uso ocasional de drogas, evoluam para o uso nocivo, e possível dependência) e terciária (que corresponde ao tratamento do uso nocivo ou da dependência. Esse tipo de intervenção deve ser realizada por profissionais de saúde, numa perspectiva multidisciplinar).

No país, inclusive, o tratamento da dependência em álcool e outras drogas pode ser feito na rede pública de saúde, através das Unidades Básicas de Saúde (UBS), dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e dos Centros de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas (CAPS AD).

Óbitos decorrentes de transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool e outras drogas

Paraná
2020: 801
2019: 705
2018: 736
2017: 615
2016: 679
TOTAL: 3.536

Brasil
2020: 11.071
2019: 8.917
2018: 8.767
2017: 8.500
2016: 8.406
TOTAL: 45.661

Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)