Você sabia que Curitiba já foi o principal produtor de histórias em quadrinhos do Brasil? Ou ainda que a cidade foi a primeira a inaugurar uma Gibiteca pública no mundo? Já conheceu a comic shop Itiban, uma das mais antigas e tradicionais de todo o Brasil? Pois é… Se tem uma cidade com história para contar no Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos, celebrado hoje, essa cidade certamente é Curitiba. Nas últimas décadas, mais de 250 publicações foram lançadas na Capital, com 128 personagens recorrentes, como os famosos Curitibinha, O Gralha e a Loira Fantasma.

Uma história que se inicia em 1978, quando a Grafipar veio para Curitiba e tornou-se a primeira grande editora de quadrinhos a sair do eixo Rio-São Paulo. O sucesso foi tão grande que nomes como Bonini, Franco de Rosa, Nelson Padrella e Cláudio Seto se mudaram para a Capital, alugando casas próximas umas das outras no bairro São Braz. Nascia ali a lenda da Vila dos Quadrinhistas e iniciava-se também um duradouro relacionamento da cidade com a nona arte.

Foram lançados mais de 100 títulos por aqui nesse período (1978 a 1983) e acabou se criando essa cultura de quadrinhos na cidade. O pessoal se reunia para conversar sobre o assunto na Casa da Memória e lá surgiu a ideia de criar um espaço para socializar e discutir quadrinhos, conta o pesquisador Fulvio Pacheco.

Em 1982, então, a cidade inaugurava, por iniciativa do arquiteto Key Imaguire Jr., a sua Gibiteca, certamente a primeira do país e talvez a primeira do mundo – tese encampada por Waldomiro Vergueiro, professor titular da USP e coordenador do Observatório de Histórias em Quadrinhos. Segundo ele, nos Estados Unidos as bibliotecas especializadas que antecederam a Gibiteca eram orientadas a pesquisadores, enquanto na Europa todas as experiências similares se instalaram depois.

O certo é que a partir da fundação da Gibiteca as coisas alcançaram um novo patamar. E na esteira desse sucesso a Capital conheceu sua primeira (e hoje única) comic shop, a Itiban, criada em 1989 por Mitie Taketami e o marido Francisco Utrabo. O sucesso foi imediato, tanto que quando recorda dos primórdios da empresa, Mitie comenta que logo vem à cabeça a imagem de alguém entrando na loja e sorrindo. Sorrisos que hoje se estampam no rosto de diversas gerações.

Mulheres ganham espaço no mundo dos quadrinistas
Até recentemente, eram poucas as mulheres que se aventuravam no mundo das histórias em quadrinhos. Hoje, porém, esse cenário já começa a mudar. E para celebrar e comentar essa mudança, a Gibiteca de Curitiba promove nesta terça-feira, às 19 horas, um debate sobre a representatividade feminina nos quadrinhos e o lançamento da HQ A Samurai – Primeira Batalha, idealizada pela roteirista Mylle Silva e produzida por cinco desenhistas.

O debate reunirá profissionais para falar sobre a produção e os desafios das mulheres que produzem quadrinhos.
Participam da mesa: Raphaela Corsi (Revista Capitolina/A revolução das narrativas feministas nas histórias em quadrinhos), Márcia Macedo d´Haese (Smilinguido, Mig & Meg), Pryscila Vieira (Amelie, Uma Mulher de Verdade), Celina Pacheco (Calafrio/Mestres do Terror), Mylle Silva (A Samurai), Bianca Pinheiro (Mônica Força, Dora, Bear), Ma Matiazzi (Morte Branca/Loira Fantasma de Curitiba) e Amanda Barros (Ursereia).

Prefeitura lança primeiro edital específico para o segmento
Além da ‘invasão feminina’, o mundo das HQs recebeu recentemente outra boa nova. É que a Fundação Cultural de Curitiba lançou no último dia 19 o primeiro edital específico de quadrinhos, com inscrições abertas até o dia 21 de fevereiro – para confeir mais informações sobre o edital, acesse o link http://www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br/leideincentivo/ed012-18/.
De acordo com Fulvio Pacheco, coordenador da Gibiteca, serão contempladas nove publicações com R$ 30 mil. O tema é livre e pode ser tanto material inédito quando republicado. A expectativa, inclusive, é grande para se saber qual será o resultado da iniciativa.

Está sendo muito legal a reação. O pessoal já está se articulando e é quase certo que muita gente vai participar, afirma Pacheco, explicando ainda que esse primeiro edital serã uma espécie de ‘termômetro’ para o setor. Vamos mostrar para a Prefeitura que temos uma produção enorme, e aí aumentam as chances de serem lançados mais editais como esse.