SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Paper Excellence elevou o número de representantes no conselho de administração da Eldorado de um para três. A medida foi aprovada nesta quinta-feira (25) em assembleia de acionistas.


Foram indicados para o colegiado da fabricante de celulose os executivos Leonardo Pereira, ex-presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), João Olek, ex-diretor de governança da Petrobras, e João Cox, ex-presidente da Claro.


As nomeações prometem esquentar as reuniões do conselho da Eldorado já que os acionistas estão em arbitragem pelo controle da companhia. De um lado, a J&F, holding da família Batista com 51% das ações, e, do outro, a família Widijaja, dona da Paper Excellence, com 49%.


Ao conquistar três assentos no conselho, a Paper Excellence terá maior poder de fiscalização da empresa, mas as principais decisões continuarão sendo tomadas pela J&F, que indicou os outros quatro representantes, incluindo seu presidente, o executivo Sérgio Longo.


Os demais conselheiros apontados pela J&F foram Márcio Linares, presidente do conselho do banco Original, Francisco de Assis, diretor jurídico da J&F, e José Antonio Batista Costa, sobrinho de Joesley e Wesley Batista. Os irmãos Batista estão afastados do comando das suas empresas após fecharem acordo de colaboração premiada com a Justiça.


Segundo apurou a reportagem, os representantes da Paper Excellence consideraram o aumento do número de representantes no conselho uma vitória, enquanto pessoas próximas à J&F disseram que a holding não se opôs.


Na visão da J&F, ao solicitar três representantes no conselho, os adversários estaria reconhecendo implicitamente que o acordo em que os Batista se comprometiam a vender o restante da companhia para os Widijaja não está mais válido. Isso porque o documento previa apenas um representante no conselho para a Paper Excellence até a transferência de controle.


Os advogados da Paper Excellence não concordam. A validade ou não do acordo -e consequentemente do venda- estão no centro da discussão da arbitragem.


A assembleia de acionistas da Eldorado foi marcada pelo conflito. A J&F acusou a Paper Excellence de “abuso de minoria”, que é quando um minoritário age contra os interesses da companhia para se beneficiar.


A manifestação se refere a decisão dos Widijaja de processar a diretoria da Eldorado em fóruns em diferentes países, alegando más práticas. Para a J&F, o estatuto social da empresa determina que o conflito deve ser resolvido em arbitragem privada.


A Paper Excellence, por sua vez, votou contra o pagamento de dividendos pela empresa e contra a proposta da Eldorado de uma remuneração global de R$ 34 milhões para sua diretoria em 2019. O principal argumento que é o valor da remuneração não foi validado pelo conselho de administração. Ambos os assuntos acabaram retirados da pauta.


Os advogados dos Widijaja também acusaram a diretoria da Eldorado -que é presidida por Aguinaldo Gomes Ramos Filho, outro sobrinho de Joesley e Wesley Batista- de estabelecer uma remuneração extraordinária, não referendada pelo conselho, no ano passado.


Ao invés dos R$ 14 milhões, que haviam sido determinados pela assembleia de acionistas anterior, a diretoria recebeu R$ 39 milhões, ou seja, R$ 25 milhões a mais.


Segundo os representantes da J&F, a remuneração final está linha com o praticado por outras empresas do setor e o aumento foi uma consequência da a necessidade de reter talentos em um momento de preço de celulose alto e mercado aquecido.