Rio de Janeiro – O PFL deve exercer no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva um comportamento de oposição mais duro que o do PSDB, na avaliação do vice-líder do PT na Câmara, deputado Maurício Rands (PE). Para ele, a última eleição marcou um distanciamento entre o PFL e o PSDB, partidos de oposição ao governo federal.

“Conversei com alguns líderes do PFL e sinto que eles percebem que é chegada a hora de o PFL ter um pouco mais de autonomia nas suas diretrizes. Então, o PFL tende a ter uma posição mais crítica que o PSDB com relação ao governo Lula”, disse em entrevista ao Programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional. O parlamentar acrescentou que o segundo turno permitiu o aprofundamento do debate político no país e a nação percebeu que o candidato Lula apresentou um projeto de crescimento com distribuição de renda e investimento tanto em infra-estrutura como em políticas sociais.

“Este foi o caminho que o povo brasileiro, bem instruído por um debate travado no segundo turno, optou claramente por esta direção e colocou em dificuldade aquele estilo de oposição que foi praticado pelos dois principais partidos de oposição, no período anterior à eleição, PFL e PSDB, que ficaram no samba de uma nota só e falharam em apresentar uma alternativa coerente ao país”, afirmou.

Na avaliação de Rands, os dois partidos não vão encontrar eco na sociedade para fazer uma oposição que não seja responsável. “A sociedade está querendo, o presidente está chamando e nós esperamos no Congresso um papel de oposição responsável, que não bloqueie mudanças fundamentais para que o Brasil acelere o seu crescimento”.

Entre essas mudanças, Rands destacou a aprovação definitiva da Lei Geral da Pequena Empresa, a reforma política e a mini reforma tributária, sinalizando para uma reforma tributária de mais fôlego. “A oposição pode muito bem cumprir o seu papel e ter a responsabilidade de votar matérias importantes como estas”.

Para o deputado, a nova composição do Congresso vai favorecer a criação de uma base de governabilidade no atual mandato. Ele destacou como exemplo a movimentação do PMDB. Segundo ele, os principais líderes do partido têm demonstrado otimismo na construção da unidade do partido que no primeiro governo Lula esteve sempre dividido.

“Se o PMDB conseguir a unidade deixando de lado as feridas das eleições e olhando para o futuro do país, nós vamos poder construir uma base no Congresso bem mais sólida e estável do que a do período anterior”,ressaltou.

Quanto ao PT, o parlamentar defendeu uma revisão da vida interna do partido para que haja mais controles que possam evitar desvios isolados de integrantes. “A população espera do PT um rigor maior na conduta dos seus filiados e de seus dirigentes. Precisamos destensionar o equilíbrio de tendências internas que muitas vezes fica muito cristalizado, oxigenar a direção partidária com representantes, por exemplo, como o prefeito Fernando Pimentel, com pessoas com ampla representatividade na sociedade que tenham sido referenciadas pelo eleitorado com até responsabilidades institucionais”, disse.

Segundo Rands, isso vai fazer o partido se aproximar mais da sociedade e reforçar os laços com os movimentos sociais organizados. O parlamentar acrescentou que ficou “muito feliz” de ver o presidente Lula dizer que vai se empenhar mais no relacionamento pessoal com a base parlamentar do partido e um modo geral com o Congresso Nacional. “Vai ser algo muito positivo porque nós todos estamos constantemente aprendendo”.