Diante da semana tensa e acompanhando os rumos das eleições, resolvi me posicionar com mais afinco no que se pode chamar, escolhas por eliminação. O primeiro a ser eliminado foi o preconceito e disso abracei a causa #HELENÃO. Optei pela hashtag não popularizada pelo movimento legítimo e que tem meu apoio moral, digamos. Ainda assim pareço aos olhos famintos, estar espiando sobre um muro de onde eu possa saltar ao lado direito ou esquerdo, porque assim está o debate: polarizado, sem chances de se ir ao alto ou ficar sobre o muro mesmo.

Como quase todos os envolvidos nessa ciranda paranóica, eu me senti com certo poder e autonomia de atirar a pedra, replicar o chiste, acenar a bandeira. Tenho um repertório de militância, nunca atrelada a filiação de partidos, porque me faço Groucho Marx “não entro para clubes que me aceitam como sócio”, mas eu fundo os grupos. Entre o 8 e o 80 há uma escala de possibilidades, assim como a ofertada pelo Universo, quando você não está nem aí com a matriz, mais conhecida como modelo mental em andamento, a automatização da espécie.

Um pouco de calço histórico – Eu vi e vivi em apenas 30 anos, a transição do governo militar para escolha de presidente pelo Congresso Nacional. O primeiro presidente civil morrer dias antes da posse, e divulgada pela imprensa imagens de uma foto desfocada dele vestindo um roupão em estado de recuperação de uma diverticulite aguda, contestada 20 anos depois pelo médico que admitiu falsificação no laudo inicial. Assisti dois presidentes depostos por impeachment, três vices assumirem definitivamente a presidência da República, o voto direto pela cédula de papel até a urna eletrônica e brados de retorno ao militarismo e políticas retrógradas, que não condizem com o século XXI.

Eu abracei o #HELENÃO, porque ele significa muito mais que um candidato, uma ideia, um partido, ou algo que o valha, ele está no círculo de amigos, na piada sem graça que só deprecia, vejam eu gosto de piadas de todas as variáveis, mas o tema não faz mais rir. O grande “heleno” está na cantada incisiva que passou dos limites, na acusação descabida da ex, tida como chata, louca ou recalcada e fazer dela uma caveira para a atual, na passagem do cetro “mulheres são falsas umas com as outras”, no comentário de que estar sozinha é porque ninguém aguenta, deve estar faltando…ou porque “tá dando para qualquer um”. O #HELENÃO está no risco que ela se expõe, pois bebe demais ou está com roupa indecente e aquele discurso também replicado por muitas mulheres que querem ser aceitas socialmente por quem? Pelos homens. Todos eles? Não. A questão é da cultura e não do gênero, espécie, sexo, seja lá o que for. As nomenclaturas só complicaram uma única coisa: humanidade e compaixão.

No entanto, me questiono se #HELENÃO acaba reforçando o negativo. Porque algo se materializa onde colocamos o foco, onde potencializamos a força, onde vibramos, independente da energia disposta.

Estou pensando em fazer a curva e começar a dizer #ELASSIM, que no meu conceito não se restringe ao feminino. Eu analiso o seguinte contexto: se usar do mesmo expediente daquilo que não quero mais para a vida, a sociedade, as relações eu vou provocar a mudança ou irei reproduzir o mesmo movimento só que do lado diferente?

A disputa é pelo poder ou pela autonomia? Eu dei um tiro, mas de uma arma onde saem flores do cano.