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O Hospital Angelina Caron divulgou nesta manhã de quarta-feira, 20, que deu negativo o exame para Covid-19 feito no detento Creomar Vieira Santana. Ele chegou no hospital já entubado no dia 16 de maio, após apresentar dores abdominais e ter parada cardíaca no Complexo Médico Penal de Pinhais (CMP), na Região Metropolitana de Curitiba, e faleceu no dia 19.

Reú primário, Santana não tinha condenação e respondia a dois processos. Foi preso no dia 27 de abril e no dia 28, o juiz decretou prisão preventiva. Ele foi enviado para o 11.º Distrito Policial, onde ficou em um contêiner com pelo menos 12 presos. Só uma semana depois foi encaminhado para a Casa de Custódia de Piraquara, onde também ficou detido em um contêiner com 16 presos. Foi lá que começou a apresentar sintomas e foi encaminhado para o CMP.

A nota encaminhada pela Departamento Penitenciário do Paraná (Depen), no entanto, não menciona os problemas respiratórios de Creomar: “O preso foi encaminhado com dores abdominais do Complexo Médico Penal ao Hospital Angelina Caron, onde foi feito o teste para Covid-19, porém, ainda não há resultado. Sendo assim, ainda não há a causa da morte”.  Segundo a nota, no Complexo Médico Penal (CMP), foi separada uma galeria para atender exclusivamente os presos que apresentem sintomas da doença, desde o início da pandemia. Esta é uma medida de segurança planejada pelo Departamento Penitenciário para melhor atender aos presos e criar uma proteção no sistema prisional. O local conta com 700 presos no momento e a capacidade é de 599.

O enterro do corpo será nesta quarta (20) em cerimônia de apenas 10 minutos com caixão lacrado apenas para familiares devido à pandemia de coronavírus.

Na segunda (18)  foi confirmado pelo Sindicato dos Policiais Penais do Paraná (Sindarspen) o que seria o primeiro caso de Covid-19 no sistema penitenciário do Paraná. Detento do regime semiaberto na Colônia Penal de Maringá (CPIM), ele retornou para a unidade no dia 4 de maio, após uma saída temporária  com sintomas da doença, quando foi colocado em quarentena junto a outros 12 presos, que retornaram também. Só quando os sintomas pioraram, ele foi testado e separado do grupo, sem triagem e local para isolamento, segundo o Sindarspen. Coincidência, ou não, os secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, e de Segurança Pública, Romulo Marinho Soares, assinaram nesta terça-feira (19) um plano de ação integrada para enfrentamento da Covid-19 nas carceragens de delegacias de polícia e penitenciárias do Paraná. O plano prevê medidas de isolamento de presos, desde a triagem, quando ele chega, até o tratamento daquele que apresentar sintomas ou a doença propriamente dita. Também aborda os procedimentos de remoção de detentos e avaliação, além de orientações gerais em relação ao novo coronavírus.

“Vamos começar a operar um contingenciamento de ações dentro das carceragens do Estado, contando com o apoio da Fundação Araucária e da Superintendência de Ensino Superior e Tecnologia do Paraná. Isso demonstra que, para o combate do coronavírus aqui no Estado, todas as estruturas do Governo devem conversar e se ajudar”, disse Beto Preto.

Dois lados

A Secretaria da Segurança Pública afirma que desde março têm adotado medidas de prevenção no sistema prisional em todo o Estado. Elas incluem ações como restrição de visitas, limpeza contínua de ambientes, higienização de viaturas e veículos de remoção. Os detentos também trabalham na produção de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), como máscaras e aventais. O volume já passou de 300 mil peças.

O Sindarspen, no entanto, alega que unidades do Estado também vem enfrentando problemas com falta de triagem quando o preso chega e de lugar para o isolamento. Em uma denúncia feita por um policial penal da Colônia Penal Agrícola Industrial (CPAI), registra-se que não há qualquer tipo de triagem no retorno dos presos das saídas temporárias. “Voltamos a ter portarias dos finais de semana. Os presos saem na sexta e voltam na segunda feira. O problema é que no retorno não tem triagem e nem lugar para isolamento. Todos os presos que voltam, ficam juntos em um alojamento por apenas 7 dias”, conta o servidor. Após os sete dias no alojamento, eles retornam para o convívio com os outros presos. Segundo recomendações de autoridades médicas e da Organização Mundial da Saúde (OM), o prazo para isolamento é de 15 dias, pois é o tempo da manifestação de sintomas da COVID-19.