Reprodução/This11 – À esquerda

O técnico Tiago Nunes deu sinais que pode usar um Athletico sem um “camisa 10” na temporada 2019. O amistoso da última quarta-feira, contra o General Díaz, já foi a primeira demonstração dessa ideia. Outro fator é a ausência de um “camisa 10” clássico no elenco.

Os principais meias contratados pelo Athletico em 2019 não têm essa característica. Tomás Andrade passou a maior parte da carreira jogando como extremo (aberto pelo lado do campo, como Nikão e João Pedro). Léo Cittadini é mais semelhante a Rossetto e Bruno Guimarães, como o próprio Tiago Nunes explicou.

Em 2018, o Athletico contava com Raphael Veiga, que é um especialista nessa função de “camisa 10”. No passado, essa nomenclatura estava ligada a um jogador com capacidade de armação, visão de jogo, com a principal missão de pensar e cadenciar o jogo. Hoje, no futebol moderno, esse jogador precisa ser um meia-atacante, um ponta de lança, um definidor. É um jogador que contribui com a armação, mas que joga muito próximo do centroavante, que precisa entrar na área para finalizar e definir as jogadas.

Em 2018, o Athletico passava a maior parte do tempo formado em um 4-2-3-1, com Raphael Veiga (centro), Nikão (esquerda) e Marcelo Cirino (direita) na linha de três. Sem a bola, o time se desenhava em duas linhas de quatro. À frente dessas duas linhas ficavam Veiga e Pablo, pressionando a saída de bola do adversário. É por isso que Tiago Nunes descreveu esse sistema como 4-4-2, durante uma resposta na entrevista coletiva de quarta-feira.

No amistoso contra o General Díaz, o Athletico usou o 4-1-4-1 como base. Wellington ficou como único volante. No primeiro tempo, Bruno Guimarães e Léo Cittadini atuaram na linha de quatro meias, pelo centro, e tiveram bastante liberdade ofensiva. No segundo tempo, Tomás Andrade e Erick ficaram nessas funções – centralizados na linha de quatro.

Depois do amistoso, Tiago Nunes afirmou que esse esquema é apenas uma variação que pode ser usada em jogos específicos. Um exemplo, segundo ele, foi a final da Copa Sul-Americana, quando o Athletico poderia ter usado esse 4-1-4-1 para evitar a superioridade tática do time colombiano. “Isso ficou claro para mim no jogo contra o Junior. O Junior teve muito jogo no espaço nas costas dos nossos volantes, nas entrelinhas. Temos que criar uma variedade de situações um pouco diferentes, plantando um volante ali. Caso a gente enfrente uma equipe com essa característica, vamos ter repertório para fazer dentro do jogo”, declarou.

No entanto, em outras respostas, o técnico admitiu não ter alguém com a característica de Raphael Veiga no elenco. Pelo menos, por enquanto. “O Cittadini se aproxima um pouco mais (das características) do Bruno (Guimarães), do Rossetto e, em alguns momentos, do Camacho. É um jogador de movimento, de combinação curta de jogada e um jogador que faz muito mais o time jogar do que ter um repertório de drible”, explicou.

Perguntado se tem um substituto para Veiga, Tiago Nunes novamente argumentou. “Se a gente tentar substituir esses jogadores, a chance de dar errado aumenta muito. São características diferentes. Eu tenho que tentar criar um repertório de movimentos para potencializar os jogadores que a gente tem. O Cittadini, o Bruno (Guimarães) e o próprio Tomás (Andrade) são jogadores que diferem alguma coisinha um do outro, mas a característica geral é muito parecida”, disse.

É possível, porém, que o Athletico busque mais um reforço para a função de “camisa 10”. No time de aspirantes, o principal especialista nessa função é Matheus Anjos. Outro é João Pedro, que normalmente atua como ‘extremo’.