Franklin de Freitas – Oito profissionais que atuam na linha de frente da Covid no Hospital do Trabalhador receberam a vacina

A vacina contra a Covid-19 chegou ontem, ao Paraná, que agora começa a vacinar os grupos prioritários na primeira fase de imunização. O avião da Latam número 3439, que trouxe as primeiras 120 mil doses em 50 caixas do imunizante CoronaVac, produzido pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, pousou no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, às 18h53. A conquista acontece 314 dias depois dos primeiros seis casos da doença, no dia 12 de março de 2020.

Ainda ontem, mais dois voos comerciais, um da Azul e outro da Gol, chegariam ao Paraná com o restante das doses. Serão 265.600 unidades nessa primeira fase da vacinação no Estado.

As vacinas foram aplicadas ainda ontem em oito profissionais da área de saúde e da gestão hospitalar no Hospital do Trabalhador, em Curitiba, também como homenagem aos 74 anos da instituição. Foram dois técnicos de enfermagem, um enfermeiro, um médico, um fisioterapeuta, um nutricionista, um fonoaudiólogo e uma encarregada da higienização.

As doses serão distribuídas para a Capital e os demais municípios a partir de hoje. Das 265.600 doses, 22.720 estão reservadas para a população indígena e 242.880 para profissionais de saúde que atuam diretamente na pandemia, idosos que vivem em asilos e seus cuidadores e pessoas com deficiência severa. Elas serão aplicadas em 126 mil pessoas, sendo a maior parte profissionais da saúde: 102.959.

Serão distribuídas 132.300 doses na primeira etapa no Paraná – são duas doses por pessoa. As demais ficarão armazenadas no Cemepar até o intervalo ideal da Coronavac, de três semanas (21 dias), para garantir a segurança e o controle de temperatura.

A Secretaria Estadual da Saúde já distribuiu aos municípios 1,7 milhão de insumos. Foram seringas 25 x 0,6, seringas 25 x 0,7, máscaras descartáveis, face shields, aventais e carteirinhas de vacinação.

Primeira
A primeira profissional a ser imunizada com a CoronaVac foi a enfermeira Lucimar Josiane de Oliveira, de 44 anos. Lotada no Hospital do Trabalhador, ela atua na linha de frente de atendimento a pacientes da Covid-19. “Estou aqui desde o início, desde o dia 30 de março no PS Covid. Agradeço a todos da equipe também. Estamos em uma batalha e tenho fé que vamos vencer”, disse a enfermeira, que começou como faxineira em um hospital.

Curitiba
A imunização sistemática da população curitibana terá início amanhã, na estrutura que está sendo montada no pavilhão do Parque Barigui. Curitiba espera aproximadamente 48 mil doses. Como a vacina é aplicada em duas doses, esse volume será suficiente para atender 24 mil pessoas.

“Todos serão vacinados”, disse o prefeito Rafael Greca. “Mas como as vacinas vão chegar em lotes – e ainda não há volume suficiente para todos –, é preciso estabelecer uma escala”.
A imunização será, portanto, feita por fases estabelecidas de acordo com o grau de exposição ao risco da doença. O primeiro grupo a ser vacinado a partir de amanhã será o de servidores de saúde, os idosos abrigados em Instituições de Longa Permanência (ILPs) e indígenas (150 indígenas que moram na aldeia Kakané-Porã, no Tatuquara).
Por enquanto, os vacinados estão sendo acionados pelo município. É importante esclarecer que a população não deve comparecer neste momento nem nas unidades de saúde nem no pavilhão da vacinação (Barigui).
A vacinação de todos será precedida de cadastro no aplicativo Saúde Já (procedimentos que serão detalhados posteriormente) e subsequente chamamento.

Prevenção tem que continuar, dizem autoridades

É necessário reforçar, nesta fase, que é importante que todos mantenham os procedimentos básicos de prevenção à Covid-19: uso de máscara e álcool em gel, além de manter distanciamento social e evitar aglomerações. Esse alerta foi feito ontem pela secretária municipal de Curitiba, Márcia Huçulak, em meio à chegada das vacinas CoronaVac ao Paraná. “Começo da vacinação não elimina o novo coronavírus. Nós temos uma maratona pela frente”, disse ela.

Esta mensagem é enfatizada pelas autoridades de saúde de Curitiba e do Paraná, apesar da chegada dos primeiros lotes da vacina. Até porque a estimativa mais otimista fala em vacinar até 4 milhões de paranaenses até maio. Ou seja, até que vacinas em doses suficientes para todos os paranaenses cheguem, ainda vão muitos meses.

Ontem, os prefeitos da RMC se reuniram para discutir a vacina e as ações de enfrentamento, lembrando que ainda não há vacina para todos. “Até que estejamos vacinados em número suficiente, ainda somos uma comunidade doente e as cautelas sanitárias continuam”, disse o prefeito Rafael Greca.

Fases da vacinação em Curitiba

  • O Plano Municipal de vacinação segue as orientações do Ministério da Saúde, e conta com quatro fases, priorizando por ordem de atendimento a população mais vulnerável e exposta ao risco de contaminação do novo coronavírus
  • Na primeira fase a estimativa é vacinar quase 80 mil pessoas. Com exceção dos indígenas e dos idosos que estão em instituições de longa permanência que serão vacinados, os demais grupos terão os agendamentos pelo aplicativo Saúde Já
  • A ordem de imunização segue com idosos acamados, pessoas acima 80 anos, pessoas entre 79 e 75 anos, de 74 a 70, de 69 a 65 e de 64 a 60, funcionários e população privada de liberdade
  • Depois disso, vêm os cardiopatas graves, diabéticos, hipertensos, obesos, doentes neurológicos, pessoas com deficiências permanentes severas, pessoas com neoplasias, imunossuprimidos e transplantados e população de rua
  • Em seguida virão os trabalhadores essenciais, como limpeza pública, segurança pública, motoristas e cobradores, professores, taxistas e motoristas de aplicativos
  • Posteriormente, a população com menos de 60 anos será vacinada seguindo a ordem de idade, dos mais velhos para os mais jovens
  • A execução das fases fica na dependência da disponibilidade de doses da vacina — ou das vacinas.