Motoristas de aplicativo em mobilização em frente a Assembleia Legislativa do Paraná. (Ana Ehlert)

Os motoristas de aplicativos de transporte de Curitiba e Região Metropolitana estão em greve por tempo indeterminado, segundo Arnaldo Milki, integrante da Frente Parlamentar dos Aplicativos da Câmara Municipal de Curitiba. “A mobilização na Grande Curitiba contou com a adesão de 65% dos motoristas”, afirma Milki e faz parte de uma mobilização nacional dos motoristas de aplicativos de transporte convocada para esta segunda-feira, 15.

Ainda, conforme Milki, com esse porcentual de adesão há o impacto de 335 mil passageiros e o R$ 947 mil que deixam de circular na economia de Curitiba e Região Metropolitana.

Com a menor oferta de carros, principalmente nos horários de pico, os usuários dos aplicativos têm usado as redes sociais para reclamar dos preços cobrados com a aplicação da tarifa dinâmica. Para citar um exemplo, Milki cita uma corrida que de 10 quilômetros que normalmente custa R$ 12. “Hoje, por conta da quantidade menor de carros na praça, o valor chegou a R$ 70”, relata.

“E a paralisação seguirá, com o desligamento dos aplicativos, principalmente nos horários de pico”, afirma Milki.

Os motoristas de aplicativos reivindicam uma tarifa mínima de R$ 10 e a cobrança mínima de R$ 2 por quilômetro rodado. “O Uber, por exemplo, é uma empresa de tecnologia e não uma empresa de mobilidade urbana”, afirma Marcio Gray, que atua há 8 anos como motorista da plataforma Uber. Ele cita essa classificação como uma forma da empresa se esquivar de qualquer responsabilização a respeito do que possa o ocorrer tanto com o motorista quanto como passageiro.

A mobilização dos motoristas de aplicativos começou no Aeroporto Afonso Pena, de onde eles saíram em carreata até a frente de Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Os motoristas querem que a Casa crie um Comissão Parlamentar para discutir a regulamentação da atividade, bem como a segurança dos motorista que trabalham na atividade.

Na tarde desta segunda-feira, 15 de maio, uma comissão de representantes dos motoristas de aplicativo devem se reunir como presidente da Alep, o deputado Ademar Traiano (PSD). O deputado estadual Tito Barichello, do União Brasil, declarou apoio ao comparecer junto aos motoristas neste começo de tarde.

No Brasil

Nas redes sociais, consumidores relatam que foram surpreendidos com os preços mais altos para as viagens ao tentar solicitar o transporte. Mas não há uma queixa generalizada: apesar de alguns relatos, a adesão ao movimento foi abaixo do esperado e o serviço em diversas cidades do País segue operando normalmente.

A paralisação foi organizada por entidades como a Federação dos Motoristas de Aplicativos do Brasil (Fembrapp) e pela Associação dos Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp).

Conforme divulgado, por 24 horas, os trabalhadores devem protestar contra a defasagem dos repasses do valor da corrida pelas empresas. Uma das demandas dos motoristas é que as empresas estipulem um valor mínimo de corrida para R$ 10. A expectativa era de que a adesão chegasse a 70% da classe em todo o País.

Eduardo Lima de Souza, presidente da Amasp e diretor da Fembrapp, informou ao Estadão que, até o momento, as empresas de transporte por aplicativo não se manifestaram sobre as demandas dos motoristas.

O representante diz ser difícil cravar números sobre a adesão ao movimento, mas diz que as corridas a preços dinâmicos – quando há mais solicitações do que carros disponíveis – teriam disparado na cidade de São Paulo, o que demonstraria uma boa adesão por parte dos trabalhadores. “Juntando todos os relatos, eu creio que a paralisação está dando muito certo, mesmo com alguns motoristas trabalhando”, diz.

Um levantamento da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) aponta que o País tem pelo menos 1,66 milhão de brasileiros trabalham, atualmente, como entregadores ou motoristas de aplicativos no Brasil.

Em nota, a Amobitec declarou que “respeita o direito de manifestação” dos motoristas. “As empresas associadas mantêm abertos seus canais de comunicação com os motoristas parceiros, reafirmando a disposição para o diálogo contínuo, de forma a aprimorar a experiência de todos nas plataformas”, afirmou a entidade.