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Apesar de a Polícia Militar do Paraná (PMPR) e o Ministério da Justiça afirmarem que até o momento não há índicios de ataques planejados em escolas e creches no Estado, muitas prefeituras vêm adotando medidas de reforço de segurança após quatro crianças serem mortas num ataque com machadinha a uma creche de Blumenau, em Santa Catarina no último dia 5 de abril, e diante de novas ameaças nas redes sociais. Entre as medidas adotadas às pressas pelos prefeitos de cidades paranaenses, estão a contratação emergencial de seguranças, adoção do botão do pânico, instalação de câmeras, reforço de rondas das guardas municipasi e treinamento de servidores para situações de risco.

“Estamos trabalhando todos os dias para deixar as escolas seguras. Não tivemos atentado em Cambé e não podemos deixar que o pânico tome conta da gente, fechando a escola. Temos sim que ter medo do perigo, mas também temos que estar atentos e preparados para enfrentá-lo”, diz o prefeito de Cambé, Conrado Scheller, resumindo o “clima” nos municípios do Paraná.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou na segunda (10), durante coletiva de imprensa em Brasília, uma série de medidas para combate à violência nas escolas. Entre elas, o lançamento de um edital, previsto para esta terça, de R$ 150 milhões, para abrir a estados e municípios a possibilidade de aplicar recursos em segurança nas escolas. Outra frente busca fazer com que plataformas digitais regulem e neutralizem conteúdos que incitem violência no ambiente escolar. “Esse edital terá múltiplas possibilidades. Será possível ao município ou estado pleitear equipamento de raio-x? Sim, será possível. O edital é aberto. Cada município, cada estado vai apresentar a sua proposta. Eu quero comprar viaturas para fazer ronda nas escolas: é possível. Eu quero realizar observatório de violência e fazer capacitação nos vigilantes das escolas ou nos porteiros: é possível”, detalhou o ministro.

Outro ponto nas ações da pasta diz respeito à responsabilidade das plataformas digitais em evitar disseminação de conteúdos que façam apologia à violência nas escolas ou incitação a crimes. Dino conversou com a imprensa logo após reunir-se com representes de Meta, Kwai, Tik Tok, WhatsApp, YouTube, Twitter e Google. Segundo o ministro, a equipe de monitoramento do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que atua não só na internet, mas nas chamadas Deep Web e Dark Web, encontrou, somente nos dias 8 e 9 de abril, mais de 511 perfis em que há apologia à violência ou ameaças contra escolas. Episódios recentes chocaram o país em ataques a escolas de São Paulo e Blumenau, que tiraram a vida de uma professora (na capital paulista) e de quatro crianças na cidade catarinense.

Dino afirmou que o Governo Federal tem encontrado certa resistência das plataformas. “Alguns têm atendido, outros, não. Estamos vendo por parte dessas empresas, não todas, dificuldade de compreender esse papel ativo que estamos buscando em face da gravidade”.

Alerta total até o dia 20

O ministro adiantou que as medidas de monitoramento continuarão tendo atenção especial até 20 de abril, data considerada relevante nessas ameaças. Foi no dia 20 de abril, em 1999, que a escola de Columbine High School, no Colorado (EUA), sofreu um ataque que ficou conhecido como o Massacre de Columbine, após dois alunos matarem 12 estudantes e um professor, além de deixarem mais de 20 feridos.

“Não há razão para pânico em relação ao dia 20, ao dia 19 ou ao dia 21. O que há é uma necessidade de fortalecimento de mecanismos institucionais e aí me refiro aos governos, não só o Federal, mas estaduais, que comandam as polícias estaduais, as prefeituras. Enfatizo que neste momento é decisivo o comportamento das plataformas de tecnologia para que possamos ter uma prevenção geral”, esclareceu.

Desde a segunda (10), multiplicaram-se nas redes sociais as informações sobre um suposto ataque orquestrado nas escolas e creches em diversas cidades do Brasil, inclusive no Paraná. São vídeos no Instagram e no TikTok, textos no Twitter e no Facebook, que têm deixando os pais em pânico. Vários deles, aliás, têm dito nas redes sociais que não vão mandar os filhos para a escola neste dia. Em nota encaminhada à redação do Bem Paraná, no entanto, a assessoria de imprensa do Polícia Militar do Paraná (PMPR) informou que até o momento, não há nenhum indício de ataques planejados em escolas do Paraná. “A PMPR informa que toda e qualquer denúncia feita é apurada é levada ao conhecimento da Polícia Civil para investigação. NA PMPR realiza constantes treinamentos com as equipes policiais, professores e alunos para que todos saibam os procedimentos adequados em qualquer situação de agressor ativo nas escolas”, afirma a polícia, em nota. O Ministério da Justiça, por sua vez, tem atuado contra as ameaças e propagação de informações fakes nas redes sociais sobre ataques a escolas, desde a ocorrência em Blumenau na semana passada.

Veja as medidas que algumas cidades do Paraná estão tomando para reforçar a segurança nas escolas e creches

Fazenda Rio Grande

O prefeito de Fazenda Rio Grande, Marco Marcondes, assinou nesta segunda (10) , juntamente com o secretário municipal de Educação, professor Ednelson Sobral, a autorização para licitação e contratação de uma empresa de segurança, com o objetivo de ampliar ainda mais a proteção aos alunos da rede municipal de ensino. No total, serão atendidas 37 unidades entre escolas e CMEIs – que até o final do ano chegarão a 40 unidades. Com isso, Fazenda Rio Grande se tornou uma das primeiras cidades a adotar ações de segurança nas áreas escolares. Antes disso, o município já havia adotado medidas como manter os portões fechados e ter um guarda municipal nas proximidades. Segundo o secretário de Educação, Professor Ednelson Sobral, essa é uma decisão muito importante e visa trazer segurança à comunidade escolar. “Queremos garantir a segurança das crianças da Rede Municipal de Ensino e proporcionar tranquilidade para os nossos profissionais da educação. Não podemos admitir que uma tragédia, como ocorrida em Blumenau (SC), aconteça em Fazenda Rio Grande. Queremos manter nossas escolas, CMEIS e CMAEE seguros e esta decisão visa inibir atos que, por ventura, os coloque em risco”, disse. Na opinião do prefeito, a ação se torna necessária para garantir mais tranquilidade às famílias. “Cada instituição terá um segurança para garantir a integridade dos 17 mil alunos e tranquilizar os pais das nossas preciosas crianças”, concluiu.

Tibagi

A Prefeitura de Tibagi disponibilizou a partir desta terça (11) um segurança em cada um dos cinco Municipais de Educação Infantil (CMEIs) da cidade, Madrinha Augusta, Dona Inêz, Dona Matilde, São José e Aquarela, e em cinco escolas municipais, Prof. Aroldo, Telêmaco Borba, Ida Viana, São Bento e Dep. David Federmann. Também haverá ampliação no número câmeras de monitoramento em todas as 10 escolas municipais, principalmente com foco no ambiente externo e arredores. Isso tem como base a Lei nº 2.926/2022, de autoria do vereador João Paulo Ribas, que prevê esse procedimento de segurança nas instituições de ensino. Também será instalada uma “sirene do pânico”, que poderá ser acionada a qualquer momento para alertar sobre qualquer risco à integridade dos alunos tibagianos. Além disso, será marcado o mais breve possível um treinamento com todos os funcionários das escolas municipais com a Defesa Civil Municipal e Guarda Patrimonial sobre a segurança nas escolas.

São José dos Pinhais


A prefeita de São José dos Pinhais,Nina Singer determinou a implantação do botão do pânico em todas as unidades de ensino de São José dos Pinhais, sejam elas públicas (obrigatório) e particulares (interessadas). O dispositivo de segurança permite que as equipes policiais cheguem rapidamente em qualquer caso suspeito.

Outras ações já foram tomadas pela administração pública municipal, como a realização de estudos através de visitas nas escolas para adequação das estruturas e elaboração de ações que garantam a segurança dos alunos e funcionários no ambiente escolar. E também, com o apoio da Polícia Militar do Paraná (PM-PR), acontecerá em breve um treinamento para os profissionais das unidades de ensino.

Além dessas, uma outra iniciativa importante, autorizada nesta terça (11) pela gestão, é a contratação de profissionais de segurança para toda a Rede Municipal de Ensino, por meio de contrato emergencial. Esse agentes desempenharão seu trabalho visando o cuidado com alunos, pais e profissionais das unidades de educação da cidade.

Pinhais

A Prefeitura de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, criou o Comitê Intersecretarial de Gestão de Segurança (decreto 339/2023), conduzida pela prefeita Rosa Maria. Na primeira reunião, na segunda (10), momento foi lançada também a Operação Escola Mais Segura, como parte do Programa Pinhais Mais Segura. O novo comitê tem como objetivo coordenar e monitorar as ações voltadas à segurança das unidades de ensino municipais de Pinhais. Já a Operação Escola Mais Segura tem como base o atendimento às solicitações recebidas via unidades de ensino feitas pela comunidade escolar (pais e profissionais), além dos canais de comunicação oficiais da Administração Municipal.

Deputados do Paraná pedem reforço da Patrulha Escolar e criação do botão do pânico

“Ressaltamos que o momento pede atenção especial pela urgência da pauta, entretanto, a segurança nas escolas e Cmeis já faz parte das ações realizadas pela Secretaria Municipal de Educação em conjunto com a Secretaria Municipal de Segurança e Trânsito”, destaca a secretária municipal de Educação, Andrea Franceschini. A prefeita Rosa Maria, na condução da reunião do Comitê Intersecretarial de Gestão de Segurança, explica que o trabalho integrado traz efetividade e agilidade nas soluções, sobretudo quando se trata de um tema tão importante. “Com certeza faremos o que estiver ao nosso alcance para unir esforços entre as secretarias municipais e forças de segurança para agir. Tivemos diversas ações que deram muito certo em nossa cidade”, declara. Entre as próximas medidas que serão tomadas a curto prazo, segundo a Prefeitura, estão a instalação de câmeras nas escolas e Cmeis, portão com duas etapas de acesso, restringindo entrada apenas até a secretaria nas unidades de ensino, reforço na patrulha e rondas da Guarda Municipal e botão do pânico.

Quatro Barras

O prefeito de Quatro Barras, Loreno Bernardo Tolardo anunciou na segunda (10) o reforço da vigilância e segurança nas 16 unidades escolares que compõem a rede municipal de ensino.

Reunido com o vice-prefeito Jarbas Mocelin; os secretários de Educação, Fredinei Rodrigues, e de Segurança, Laertes Andreatta; e também com o comandante da Guarda Municipal de Quatro Barras, Michel Jess, Tolardo disse que o município adotará medidas em três fases: a primeira ação – emergencial – prevê a vigilância diária das escolas municipais, Escola Especial e CMEIs por agentes da GMQB. De forma simultânea, e como segundo passo, o prefeito já autorizou a Secretaria Municipal de Educação a contratar, também emergencialmente, agentes de segurança privada para todas as instituições municipais de ensino. A terceira fase – que terá efeitos permanentes – é a elaboração de um plano definitivo de segurança para as unidades escolares. Para isso, Tolardo já autorizou o envio de um projeto de lei para o Poder Legislativo, para apreciação dos vereadores, que estabelece um programa municipal de segurança para escolas e CMEIS.

Maringá

O prefeito em exercício de Maringá, Edson Scabora, anunciou, em entrevista coletiva nesta terça (11), medidas para reforçar a a segurança nas escolas municipais. Entre as medidas, está a instalação de um ramal direto com o CCI, Centro de Controle Integrado da Guarda Civil Municipa, a compra de mais câmeras de monitoramento para as escolas e reforço de vigilante, s que devem ser contratados pela Seduc via licitação.

Cascavel

A Prefeitura de Cascavel, no oeste do estado, determinou já na semana passada a intensificação de rondas da Guarda Municipal nas escolas e centros municipais da cidade. O prefeito Leonaldo Paranhos também prometeu ampliar a vigilância por meio de câmeras de segurança nas unidades. Das 1,8 mil câmeras pertencentes ao município, metade estão instaladas em instituições de ensino. Os equipamentos são conectados com a central de monitoramento da Guarda Municipal. Também está sendo analisada a instalação de botão do pânico nas instituições, além da elaboração de plano de segurança específico para cada escola.

Cambé

A Prefeitura Municipal de Cambé pediu o reforço do policiamento em escolas e creches. Além disso, a Prefeitura está licitando obras de infraestrutura e o programa Escola Segura, que colocará câmeras especiais nas salas de aulas, corredores, pátios e perímetro urbano fora das escolas. Todas as câmeras estarão interligadas com uma central onde, caso se observe algo errado, seja possível entrar em contato automaticamente com as forças de segurança pública. O prefeito Conrado Scheller também destacou que vem trabalhando para garantir a segurança pública, montando grupos de debate com polícias Civil e Militar, endurecendo regras de entrada nas escolas e melhorando estruturas. “Estamos trabalhando todos os dias para deixar as escolas seguras. Não tivemos atentado em Cambé e não podemos deixar que o pânico tome conta da gente, fechando a escola. Temos sim que ter medo do perigo, mas também temos que estar atentos e preparados para enfrentá-lo”, finalizou Scheller.

Jacarezinho

A prefeitura de Jacarezinho definiu que as escolas e creches passarão a ter vigilantes em tempo integral durante todo o período letivo, garantindo que o fluxo no interior das escolas seja restrito e que haja profissionais da área com conhecimento para atuar em eventuais situações emergenciais.

Também anunciou que vai implantar novas medidas de reforço na segurança das escolas que integram a rede municipal de ensino. A secretaria municipal de Educação deve se reunir com o comando da Polícia Militar no início da próxima semana para definir ainda mais ações conjuntas de proteção a alunos. Outra medida já adotada anteriormente pela secretaria municipal de Educação foi a implantação do chamado “botão do pânico”, que, uma vez acionado, liga diretamente a instituição à Polícia Militar.

“Já temos a preocupação com a segurança das nossas escolas desde o começo da gestão. Agora vamos nos reunir com a Polícia Militar, com a presença do nosso diretor de Trânsito Vanderlei, e estudar outras medidas para manter nossas escolas e nossos alunos em total segurança. A partir da próxima segunda-feira já teremos uma postura ainda mais rígida com relação a segurança”, garante a vice-prefeita e secretária municipal de Educação, Patrícia Martoni.

Matinhos

Em Matinhos, no Litoral do Estado, a Prefeitura determinou rondas ostensivas em frente às escolas e CMEIS da cidade. A entrada e a saída das unidades de ensino são acompanhadas por agentes da Guarda, além do monitoramento que é feito durante todo o período das aulas.

Ponta Grossa

A prefeita de Ponta Grossa Elizabeth Schmidt anunciou na semana passada a criação do botão do pânico nas escolas municipais e CMEIs e na segunda (10), um grupo especializado da Guarda Municipal intensificou a segurança das escolas da cidade nos moldes da Patrulha Escolar da Polícia Militar.

Haverá também o monitoramento integrado com câmeras da cidade através da central de operações da Secretaria Municipal da Cidadania e Segurança Pública.

Foz do Iguaçu

O prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro, anunciou na semana passada, logo após o ataque à creche em Blumenau, um reforço de segurança nas escolas e Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis).

Ele ordenou reforço no patrulhamento e nas rondas da Guarda Municipal nas unidades de ensino. Também foi pedido aos gestores um controle maior na saída e entrada de alunos nas escolas e creches.

Londrina

As escolas e creches, públicas e privadas, de Londrina, na região Norte do Paraná, passarão a ter um botão de pânico para eventuais emergências. De acordo com o prefeito Marcelo Belinati, o objetivo é garantir a vida e segurança de crianças, professores e funcionários. Além da implantação do dispositivo, a segurança nas escolas e creches foram reforçadas por guardas municipais desde a semana passada.