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Momento da leitura da sentença (Foto: Franklin de Freitas)

O julgamento dos acusados de participar da morte do jogador Daniel Corrêa Freitas acabou nesta quarta-feira (20), no Fórum de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Depois de três dias de julgamento, o Tribunal do Júri condenou Edison Brittes por todos os cinco crimes que ele era acusado de cometer, pegando 42 anos e 5 meses de prisão. Sua filha, Allana, pegou 6 anos e 5 meses de prisão e deverá cumprir a pena inicialmente em regime fechado. Já a mãe, Cristiane, foi condenada a seis meses de prisão, enquanto os outros quatro réus acabaram sendo absolvidos.

Allana e Edison (filha e pai), inclusive, saíram do tribunal direto para a cadeia, levados em viaturas da Polícia Militar e da Polícia Penal, respectivamente (confira as imagens na galeria abaixo).

Os sete jurados (quatro mulheres e três homens) responsáveis por declarar os réus acusados pela morte do jogador Daniel Corrêa Freitas como culpados ou inocentes tiveram de responder 140 quesitos sobre os acusados, seguindo determinação do juiz Thiago Flores Carvalho. As perguntas foram respondidas com “sim” ou “não” e, após a votação do júri, o magistrado redigiu a sentença e, nos casos de condenação, elaborou a dosimetria da pena.

Na saída do tribunal, os envolvidos no caso saíram escutando gritos de “assassinos”, que partiram de populares que estavam nas imediações do Fórum de São José dos Pinhais.

Confira como ficou a situação de cada um dos réus

Edison Brittes: pegou 42 anos e 5 meses de prisão.
Condenado por homicídio qualificado (com três qualificadoras: motivação torpe, emprego de meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima); ocultação de cadáver; fraude processual; corrupção de menores; e coação no curso do processo (são cinco vítimas distintas deste crime e ele foi condenado nos cinco casos).

Cristiana Brittes: 6 meses de prisão
Condenada por fraude processual e corrupção de menores. Absolvida das acusações de homicídio qualificado (motivo torpe) e coação no curso do processo.

Allana Emilly Brittes: 6 anos e 5 meses de prisão, inicialmente em regime fechado.
Condenada por fraude processual; corrupção de menores; e coação no curso do processo (cinco imputações, condenada em todas)

David Willian Vollero Silva: absolvido das acusações de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima) e ocultação do cadáver

Ygor King: absolvido das acusações de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima) e ocultação do cadáver

Evellyn Perusso: absolvida da acusação de fraude processual

Mãe de jogador não acompanhou o pronunciamento das sentenças

Eliana Corrêa, mãe de Daniel Corrêa Freitas, veio de Minas Gerais até Curitiba para acompanhar o julgamento dos réus acusados de matar seu filho. No entanto, deixou o Fórum de São José dos Pinhais no final da manhã desta quarta-feira (20) e não acompanhou o pronunciamento das sentenças. Além de estar bastante abalada, ela também já tinha voo marcado e voltou para casa, no município de Conselheiro Lafaiete (MG).

Na saída do Fórum, acompanhada pelo advogado da família, Nilton Ribeiro, ela agradeceu, através do advogado, o tratamento recebido no Paraná. “Agradecemos a imprensa paranaense, que tão carinhosamente acolheu ela que é de Minas Gerais, acolheu uma mãe. Em nome da família, a gente agradece”, disse Ribeiro.

Três dias de julgamento

O julgamento do Caso Daniel teve três dias de duração. No primeiro, além do sorteio dos jurados e da formação do Conselho de Sentença, foram ouvidas 13 testemunhas (duas delas sigilosas, arroladas pela acusação) e dois réus foram interrogados. Os trabalhos começaram por volta das 9 horas e foram encerrados em torno de 22h40.

Já no segundo dia de júri popular, o julgamento foi retomado às 8h30 e os outros cinco réus, que não haviam sido ouvidos pelos jurados até então, prestaram depoimento. Na sequência, durante a parte da tarde, ocorreu o debate entre acusação e defesa e a sessão foi encerrada pouco antes de 20 horas, após a finalização da fala dos advogados.

Por fim, nesta quarta-feira, o julgamento foi novamente retomada perto de 9 horas da manhã, com a fase final dos debates: réplica da acusação e tréplica da defesa, que tiveram, cada uma, 1 hora para expor seus argumentos. Após isso, os sete jurados foram para uma sala e começaram a votação secreta que definiu o destino dos réus.

Defesa vai recorrer

A defesa da família Brittes informou, em nota, que vai recorrer da decisão, com a finalidade de anular o júri, diante diversas nulidades ocorridas no curso do julgamento e, alternativamente, para revisão do cálculo da pena aplicada ao acusado Édison Brittes. “Quanto a pena aplicada para Alana Brittes, além de exagerada, não autorizaria prisão”, diz a nota, assinada pela equipe do escritório Elias Mattar Assad e Advogados Associados.

Recorde o caso

Com passagens por clubes como Botafogo, São Paulo e Curitiba, Daniel Corrêa Freitas jogava no São Bento (SP) quando veio a Curitiba para participar de uma festa de aniversário de Allana Brittes, numa casa noturna de Curitiba em 26 de outubro de 2018. Depois da balada, o jogador e outros amigos de Allana foram para a casa da família Brittes, em São José dos Pinhais, para dar continuidade aos festejos.

Na casa da família, porém, o jogador acabou fazendo fotos e mandou áudios para um grupo de amigos no WhatsApp se exibindo por estar na cama deitado ao lado de Cristiana Brittes, esposa do dono da casa, Edison Brittes. Depois disso, o marido acabou descobrindo as mensagens enviadas pelo atleta e teve início uma sessão de espancamento, com outros convidados da festa ajudando o pai de Allana.

Após as agressões, Daniel foi colocado dentro do porta-malas de um carro e levado até uma plantação de pinus na Colônia Mergulhão, na zona rural de São José dos Pinhais, onde o corpo foi encontrado na manhã seguinte ao crime por um morador da região. Além de ter sido espancado, Daniel foi parcialmente decapitado e teve o pênis decepado.