Londrina_Filipi Barbosa Rede Lume
Filipe Barbosa/Rede Lumen

As famílias de assentamentos e acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Paraná se unem à Jornada Nacional de Solidariedade contra a Pobreza e a Fome, com doação de 60.450 mil quilos de alimentos e mil marmitas. Os alimentos frescos, e em grande parte produzidos sem o uso de agrotóxicos, chegaram a mais de 5 mil famílias, de 11 cidades do estado.

A Jornada é realizada em conjunto por movimentos populares, sindicais, partidos progressistas e igrejas, com a intenção de combater e debater o tema da fome no Brasil, neste período natalino e de festas. No Paraná, as ações já ocorreram em Curitiba, Guarapuava, Arapongas, Rolândia, Londrina, Santa Mariana e Cornélio Procópio, e também vão acontecer em Paranavaí, Telêmaco Borba, Tibagi e Ortigueira, neste sábado (23).

José Damasceno, assentando na comunidade Dorcelina Folador, em Arapongas, e integrante da direção estadual e nacional do MST, explica que a solidariedade é parte da cultura popular, e que no MST ganhou força durante a pandemia da Covid-19. “De lá pra cá, essa ação de solidariedade foi se tornando uma prática dentro do MST, cotidiano, uma prática como valor e princípio de vida”. Desde o início da pandemia, em 2020, o MST-PR partilhou cerca de 1200 toneladas de alimentos, como parte da campanha nacional do Movimento.

“Foi um momento rico, com o objetivo de levar solidariedade, energia positiva, desejar um feliz natal pras famílias que moram lá na periferia e minimamente amenizar a fome e a miséria que muitas pessoas passam na periferia”, completou Damasceno, ao final da ação realizada em Londrina, nesta sexta-feira (22).

“Pra nós produtores, camponeses, é uma imensa alegria poder ter esse momento com quem mora na cidade, produzir alimento sem veneno, alimento saudável é o que a gente trabalha lá no campo”, enfatizou Clesmilda Oliveira, moradora do acampamento Encontro das Águas, em Guarapuava, durante a doação de aproximadamente 15 toneladas de alimentos nesta terça-feira (19).

Congonhinhas

Giovane Barbosa dos Santos, jovem assentado na comunidade Ho Chi Minh, de Congonhinhas, está entre as dezenas de militantes do MST que fizeram parte da coleta e da montagem dos kits de 9 toneladas de alimentos em Cornélio Procópio e Santa Mariana, norte pioneiro, nesta sexta. Antes do início da entrega para as famílias urbanas, ele explicou o sentido da ação:

“O movimento está completando 40 anos, e sempre tivemos esse olhar de solidariedade. A gente nunca pensou em ganhar um pedaço de terra e produzir só pra minha família, mas o que a gente visa é que o que eu produzo, o que eu tenho direito, o acesso ao alimento que eu tenho, pra poder chegar na mesa de uma pessoa da cidade. É com intuito e com esse espírito de solidariedade que a gente vem aqui trazer hoje”, garantiu o jovem.

Apesar do fim da pandemia e da eleição do presidente Lula, em 2022, com a retomada de políticas públicas de combate à miséria e à fome, milhões de brasileiros ainda convivem com a insegurança alimentar. Segundo levantamento do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, 33,1 milhões de pessoas, ou seja, 15,5% da população ainda passam fome todos os dias.

Londrina


Foram mais de 23 toneladas de alimentos partilhados nesta sexta-feira (23), em Londrina, região norte do estado. Os kits de alimentos chegaram ao distrito de Lerroville, e nos bairros Crystal, Vila Feliz, João Turquino, Vista Bela, São Jorge, Flores do Campo,

A liderança comunitária Vanessa, do coletivo Vista Bela em Movimento, agradeceu pela ação e lembrou que este será o terceiro natal que famílias do bairro receberam as cestas do MST:

“É com muita alegria que o nosso coletivo recebe o MST mais uma vez. É muito importante essa ação, vamos distribuir 150 cestas de comida orgânica da reforma agrária popular, que vai alcançar e minimizar o impacto da fome na vida de muitas famílias”. Além de receber os alimentos, a comunidade também tem participado de mutirões de plantio e colheita em áreas da Reforma Agrária da região, ao longo do ano.

“Para nós do MST é uma satisfação poder garantir que o projeto da reforma agrária é o melhor projeto para o combate à fome no Brasil”, afirma Sandra Ferrer, conhecida como Flor, do assentamento Eli Vive, de Londrina.