Durou pouco a fase paz e amor dos candidatos de oposição à prefeitura de Curitiba na propaganda na televisão. Nos programas veiculados na tarde de ontem, Gustavo Fruet (PDT) e Rafael Greca (PMDB) partiram para o ataque direto à administração de Luciano Ducci (PSB). O primeiro exibiu reportagens da imprensa apontando que os bairros da Capital onde o governo do Estado, em parceira com o município, instalou as Unidades Paraná Seguro (UPSs) continuam entre os mais violentos da cidade, e que Curitiba é a 6ª capital mais violenta do País. O segundo exibiu depoimento do irmão de um músico que teria morrido em uma unidade de saúde 24 horas, supostamente por conta da demora no atendimento. O programa denomina ainda as pulseiras de cores diferentes utilizadas nas unidades de saúde para classificar os pacientes de acordo com a gravidade do caso e sua urgência como inferno colorido. Fica evidente, tanto no caso de Fruet quanto no de Greca que a radicalização no discurso é fruto dos resultados negativos que ambos tiveram nas últimas pesquisas.
Surfando
Dos três candidatos oposicionistas, o único que segue com campanha essencialmente propositiva é Ratinho Júnior (PSC), que não por acaso, apareceu liderando as últimas pesquisas. O motivo é óbvio. Se em time que está ganhando, não se mexe, Ratinho não tem razões para mudar sua postura de bom moço, que está dando certo.
Púlpito
Carlos Moraes (PRTB), aquele que já foi cassado mas segue candidato na base dos recursos judiciais, parece mais candidato a pastor do que a prefeito. Ontem, ele prometeu 100% de financiamento para os projetos das igrejas voltados à recuperação de dependentes de drogas.
Hardcore
Foi-se o tempo em que rock era sinônimo de rebeldia e subversão. Na propaganda de Bruno Meirinho (PSol), ficamos sabendo que ele até já teve uma banda. Já na de Ratinho, um músico tocando guitarra ilustra as promessas do candidato para a área cultura.
Estreia
O programa de Fruet destacou a participação da ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, em caminhada ao lado do pedetista pelos bairros da Capital no último sábado. Foi o primeiro evento de campanha que teve a presença da petista na cidade. Já não era sem tempo. Afinal, ela foi uma das principais articuladoras da aliança.
Academia
Apesar de uma certa melhora, os programas de Fruet ainda pecam pela falta de ritmo e objetividade. O candidato do PDT continua com um ar professoral e um discurso que mais parece de presidente de centro acadêmico.
Fora do ar
Não basta ter apenas um minuto na propaganda na TV, Avanilson Araújo (PSTU), ainda teve o programa banido pela Justiça Eleitoral, ontem.
Medo
Em campanha, vale quase tudo, inclusive jogar com o imaginário e os temores do eleitor. Luciano Ducci, por exemplo, prega continuidade administrativa ao mesmo tempo que expõe as ameaças de um retrocesso. Avanços sem riscos, sem fazer experiências é um dos motes de sua propaganda televisiva.
Latinha
Diz o ditado que o que não é visto, não é lembrado. Ou pelo menos não é tão sentido. No rádio, a propaganda eleitoral é bem mais agressiva do que na televisão. Ducci, por exemplo, que na telinha se concentra em destacar a parceria com o padrinho Beto Richa e suas obras, na latinha já faz referências bem mais quentes em relação aos adversários. Tem questionado, através dos apresentadores de seu programa, a inexperiência de Ratinho, e a suposta incoerência política de Fruet.
Almanaque
Horário eleitoral também é cultura. No programa do PMDB, aprendemos, por exemplo, que o termo vereador vem de um bastão ou vara de medir caminhos que o rei de Portugal mandava conferir aos homens bons do Brasil. Ainda segundo o programa, com o mesmo bastão, o vereador media tecidos, construções e conferia o peso das balanças.
De cor e salteado
Uma semana após o início do horário eleitoral o programa da candidata do PPL, Alzimara Bacellar, continua o mesmo. Nele, a candidata mostra sua trajetória de lutas. Deste jeito o eleitor vai decorar o currículo da candidata, mas as propostas nada.
Chá de sumiço
Os apresentadores cool do programa de Luciano Ducci (PSB) deram uma sumida. Será que a linguagem descolada não pegou?
Trocando as bolas
Após a divulgação da última pesquisa Ibope, em que Ratinho Junior (PSC) aparece com 27% das intenções de voto, circula um comercial da Coligação Curitiba Criativa que canta a vantagem do candidato. Com um porém, ela cita o dado como se fosse da pesquisa Datafolha.