A campanha eleitoral deste ano no Paraná está sendo atípica. A essa altura, em disputas anteriores, o confronto entre os principais candidatos ao governo já estava bem mais acirrado. Este ano, porém, vive-se uma situação estranha, em que ninguém parece querer dar o primeiro tiro, no sentido de expor as contradições do adversário. Essa fase de estudo entre os concorrentes é normal no início, mas faltando apenas um mês para as eleições, era de se esperar que o clima já tivesse esquentado bem mais, como acontece, por exemplo, na disputa presidencial. No Paraná, porém, é o contrário. Beto Richa (PSDB) – à frente nas pesquisas – é até mais incisivo que Osmar Dias (PDT), que por estar atrás nas intenções de voto, imaginava-se, deveria a essa altura, estar questionando mais duramente o tucano. Pois até agora, a peça mais forte dessa campanha vem do pequeno PRTB – aquele mesmo que originou a denúncia de suposto caixa dois na reeleição de Richa para prefeito em 2008. O partido levou ao ar gravação ontem o tucano garantia que releeito, cumpriria os quatro anos de mandato na prefeitura de Curitiba, o que não fez. Político que hoje fala uma coisa e faz outra não tem credibilidade. uem abandonou a prefeitura de Curitiba vai abandonar o Estado, prevê o PRTB, em seu programa.

Entrelinhas
Em seu programa sobre educação, Richa promete que se eleito governador vai de maneira responsavel e gradual melhorar os salários dos professores. Leia-se: aumento de salário, só quando der e na medida do caixa do Estado.

Reforço
Falando em caixa, o programa de Osmar Dias finalmente conseguiu explorar com eficiência a atuação do pedetista como senador. Destacou que com o fim da multa motivada pelos títulos públicos adquiridos com a privatização do Banestado, conseguiu trazer de volta para os cofres do Estado cerca de R$ 2,7 bilhões.

Novo?
Ainda que de forma discreta, Osmar tem dado alfinetadas no adversário em seu programa. O que é realmente novo pode estar a 411 quilômetros de Curitiba, disse, falando sobre uma pequena cidade do interior do Estado onde a prefeitura oferece internet de graça a todos os moradores, através de uma rede sem fio. A referência óbvia é em relação à propaganda de Richa, que vende o tucano como o representante do novo na política estadual.

Aprendizado
Em cena do comício com Lula exibida ontem, Osmar brincou com a dificuldade de aproximação com o PT para a disputa desse ano. Levei um ano e meio para aprender falar companheiros e companheiras, diz ele, ao lado do presidente.

Acelerou
Outra novidade do programa do candidato do PDT é o novo jingle, paródia de um sucesso sertanejo universitário. Com um ritmo mais animado e letra alegre, a peça é bem mais eficiente que o arrastado vamos Paraná, vamos anterior.

Hermetismo

O programa do candidato ao governo do PV, Paulo Salamuni, mais parece uma aula de pós-graduação em semiótica. Difícil imaginar que o eleitor médio consiga entender alguma coisa que os verdes falam.

Amém
Depois de falar sobre o aumento do número de homicídios em Curitiba, Luiz Felipe Bergmann (PSol) vaticina: que Deus nos proteja violência.

Contabilidade
Roboão (PRTB) alerta: abram os olhos eleitores. O dinheiro roubado da Assembleia dava para construir 150 escolas.

Condição
Rui Hara (PSDB) se apresenta como médico, com quatorze anos de vida pública. E completa: para trabalhar pelo Paraná, preciso do seu voto. Deduz então que se não for eleito, só vai trabalhar pra si mesmo.

Reserva
Rose Litro (PSDB) promete dar sequência ao trabalho do deputado Luiz Fernandes Litro (PSDB), que coincidentemente, é seu marido. Detalhe: Litro foi barrado pela lei da ficha limpa, por ter sido condenado pela Justiça por recebimento ilegal de vantagens monetárias quando foi vereador de Dois Vizinhos. Resta saber se ela também pretende dar continuidade a esse tipo de prática do esposo.

Abençoado

Outro barrado pelo ficha limpa, o deputado estadual Antonio Belinati (PP), continua em campanha, graças a recursos judiciais, como se nada tivesse acontecido. E apresentando-se com o curioso epíteto de Tio Bila. Obrigado pelo seu abençoado voto, afirma ele.

Fala sério
Depois de uma estreia um tanto raivosa, quando nitidamente nervoso dizia-se vítima de perseguição covarde, o presidente da Assembleia e candidato à reeleição, deputado Nelson Justus (DEM), resolveu mudar sua propaganda. Agora aparece com fala mansa, alegando que deu transparência ao Legislativo.

Não é comigo
Já o primeiro-secretário da Assembleia, deputado Alexandre Curi (PMDB), que também disputa a reeleição para o cargo, e foi igualmente implicado nas denúncias contra a Casa, dá uma de joão sem braço. Ignora solenemente a crise na Assembleia em sua propaganda.