Divulgação/Globo Filmes – Para transformar uma música de 4 minutos e meio em um filme de duas horas

Mônica é vegetariana. Eduardo vai tentar vestibular de Engenharia. Quem é essa Mônica e que é esse Eduardo? São os protagonistas de ‘Eduardo e Mônica’, filme baseado na música da banda Legião Urbana e que estreia no dia 20 em Curitiba. Essa comédia romântica possivelmente foi uma das coisas mais afetadas pela pandemia. A estreia deveria ser em junho de 2020, mas o fechamento das salas provocou sucessivos adiamentos. Mesmo sem ter estreado, o filme já foi exibido em festivais e ganhou prêmios, como o de Melhor Filme Estrangeiro no Festival de Cinema de Edmonton, no Canadá.

Para transformar uma música de 4 minutos e meio em um filme de duas horas, logicamente foi necessário criar um contexto familiar para os dois protagonistas. Esse foi um dos trabalhos do diretor René Sampaio, da produtora Bianca De Felippes e dos roteiristas Matheus Souza, Jessica Candal, Michele Frantz, Claudia Souto e Gabriel Bortolini.

O cenário é a cidade de Brasília no meio dos anos 80. Mônica (Alice Braga) é uma estudante de medicina que está nos últimos períodos do curso e procura um lugar para fazer residência médica. Ao mesmo tempo, ela adora arte. Sim, Mônica é de leão, anda de moto e bebe conhaque. Ainda tem uma irmã fitness, Karina (Bruna Spínola), e uma mãe (Juliana Carneiro da Cunha) que é médica e professora de medicina na Universidade de Brasília. Além disso, está passando por um momento familiar pesado.

Eduardo (Gabriel Leone), por sua vez, está no cursinho e sabe tocar violão. Passou alguns apuros familiares, o que o levou a ir morar com o avô, Bira (Otávio Augusto), na Vila Militar de Brasília. Sim, Eduardo tem 16 anos, anda de bicicleta (o “camelo” da letra original) e gosta de novelas. Ainda é fã da Malu Mader e joga futebol de botão com o avô – e quase sempre perde. O carinha do cursinho que falou em uma festa legal para todos se divertirem se chama Inácio.

É nesse clima que Eduardo encontra Mônica na fervente Brasília. A partir daí, o filme traz quase todos os elementos que constam na música assinada pelo líder da Legião Urbana, Renato Russo. Isso por si só já soa como spoiler, mas isso também é o segredo desta comédia romântica: apostar que o público conhece os personagens para o diretor e o roteirista conduzirem aquilo que não está nos versos. A começar pela trilha sonora: o filme não se limita a músicas do Legião Urbana, e sim às músicas da época. E, apesar de se passar nos anos 80, a história apresenta algumas cenas antenadíssimas com o atual momento social e político.

Curiosamente, Alice Braga e Gabriel Leone têm entre si, na vida real, mais ou menos a mesma diferença de idade que seus personagens. A atriz, hoje com 38 anos, cai bem numa estudante universitária de 25 ou 26 anos. E o ator, que já está com 28, convence como o Eduardo, que pela letra da música tem 16 anos.

‘Eduardo e Mônica’ é o segundo filme baseado em letras da Legião Urbana. Antes, veio ‘Faroeste Caboclo’ (de 2013, também dirigido por René Sampaio), que colocava na telona a trama com João de Santo Cristo, Maria Lúcia e Jeremias, o traficante de renome. Renato Russo era um visionário que sabia exatamente o que estava fazendo quando era o líder da Legião Urbana. Tão visionário que talvez já prevesse que suas letras poderiam virar filmes. Não precisa parar em ‘Eduardo e Mônica’. As músicas de Renato Russo são ricas em ideias para novos filmes. ‘Pais e Filhos’ pode trazer histórias de várias famílias que se encadeiam. E ‘Dezesseis’ poderia contar a história de João Roberto, o maioral que é um cara legal e tinha um Opala metálico azul.

‘Perfeição’ e ‘Que País É Esse?’ não precisa, pois estão todos os dias no noticiário.