Foto: Divulgação / Warner

No bagunçado cenário dos filmes de super-heróis da DC, é quase uma surpresa que Shazam tenha ganhado mais um filme. Ou melhor, é quase uma surpresa que essa sequencia tenha ido parar na telona antes de sofrer um cancelamento. Isso porque, após a contratação do diretor James Gunn, o universo DC dos cinemas passou por uma revolução. Isso causou um rebuliço. ‘Batgirl’ foi cancelado. ‘Mulher-Maravilha 3’ foi cancelado. Henry Cavill, o Superman dos filmes recentes, foi descartado. ‘Adão Negro’, lançado recentemente, virou um filho enjeitado. ‘Aquaman 2’ ficou ameaçado. Mesmo ‘Flash: Flashpoint’, que estava com a pós-produção em andamento, acabou reescrito e teve partes refeitas. Mas fato é que ‘Shazam: Fúria dos Deuses’, sequência do filme de 2019, saiu do papel, ganhou a telona e estreia nesta quinta-feira (16).

A revolução no Universo DC tem lá seus motivos. Desde 2013, com o lançamento de ‘Homem de Aço’, filme que trazia Henry Cavill como o Superman, não havia uma unidade entre as produções seguintes. ‘Batman vs Superman’ decepcionou ao desperdiçar o potencial dos heróis envolvidos. ‘Liga da Justiça’ foi lançado às pressas para remendar os erros de ‘Batman vs Superman’, mas piorou tudo – a ponto do diretor Zack Snyder ter relançado o filme com sua versão estendida (e sua visão) em 2020. ‘Mulher-Maravilha’ é um belo filme de origem, mas porque se desconectou dos outros. ‘Aquaman’ parece mais uma caça ao tesouro, meio ao estilo Indiana Jones. O primeiro ‘Esquadrão Suicida’ seria totalmente esquecível, não fosse a Arlequina. Cada filme em uma direção. Em tese, James Gunn foi contratado pela Warner/DC para dar ordem na casa.

O primeiro ‘Shazam’ até flertava com outros heróis da editora, mas se concentrou em ser uma aventura juvenil de heróis. Até porque o herói era juvenil. Billy Batson, adolescente, de uma hora para outra ganhou poderes de força, velocidade, energia, vôo, num corpanzil atlético. Bastava pronunciar a palavra “Shazam”. Batson só não sabia direito o que fazer com tudo isso.

Batson não sabe direito o que fazer com seus poderes? Motivo suficiente para Shazam ir ao médico. É quando ele aparece pela primeira vez em ‘Shazam: Fúria dos Deuses’. No filme, o herói e seus cinco irmãos – todos filhos adotivos, todos com os mesmos poderes – até fazem atos heroicos na cidade de Philadelphia, mas sofrem com a desconfiança da população, a ponto de serem chamados de “Fiascos da Philadelphia”. Enquanto isso, as semideusas Hespera, Kalypso e Anthea surgem na área. Elas recuperam o cajado mágico do Mago Shazam e começam a tocar o horror. Estão cientes de que o campeão do mago pode impedi-las. E partem da Grécia para encontrá-lo na Philadelphia.

As semideusas Kalypso (Lucy Liu), Hespera (Helen Mirren) e Anthea (Rachel Zegler). Foto: Divulgação / Warner

‘Shazam: Fúria dos Deuses’ acerta ao manter o tom de aventura juvenil do primeiro longa. Acerta ao respeitar a atual versão do personagem nos quadrinhos. Acerta ao trazer de volta todo o elenco do filme original – principalmente Zachary Levy como Shazam e Asher Angel como Billy Batson. E acerta ao agregar três boas atrizes: Helen Mirren, Lucy Liu e Rachel Zegler. Além disso, abre mais espaço para Djimon Hounsou como o Mago. Hounsou é um ator que há tempos merece um papel de grande destaque nos filmes de heróis. Talvez tenha mais sorte quando sair a seara de filmes sob a tutela de James Gunn. Mas talvez não possa contar que haja um ‘Shazam 3’.