Geraldo Bubniak – Nadja Mauad

O blog Entrelinhas do Jogo, do Bem Paraná, lança nessa segunda-feira (dia 10) a série Craques da Imprensa. O objetivo é apresentar os profissionais de imprensa que acompanham o dia a dia de Atlético Paranaense, Coritiba e Paraná Clube. 

A primeira entrevistada é Nadja Mauad, repórter da RPC e autora do Blog da Nadja.

Entrelinhas do Jogo — Como virou jornalista esportivo? Era sonho de infância ou acabou decidindo depois?
Nadja — Eu sempre sonhei em ser atleta. Comecei com a natação, fui para o tênis. Joguei durante 10 anos. Tive a oportunidade de fazer várias viagens, de ter uma rotina de treinos frenética. Pude representar o meu estado em competições nacionais. Fiz amizades para a vida inteira. Mas até me "achar" e levar a sério acabei fazendo vôlei, handebol, hipismo, até remo fiz. Sempre fui uma apaixonada por esporte. Desde pequena vidrada na F1. Quando fui prestar vestibular queria fazer educação física, mas eu queria mesmo viver o bastidor, estar no meio e foi minha mãe que sugeriu o jornalismo.

Entrelinhas — Qual o melhor momento que já viveu na carreira?
Nadja — Um melhor momento? Não tem. São vários. Cobrir finais de Estadual (decisão é decisão), de Copa do Brasil, jogos da Libertadores, UFC, Liga Mundial, Copa do Mundo…contar histórias que emocionam ou são curiosas. Difícil falar em um momento. Talvez por isso seja tão apaixonada. Quem sabe o melhor ainda está por vir? É o que eu quero pelo menos.

EntrelinhasQual o maior furo de reportagem que você conseguiu?
Nadja — Difícil pensar em um. Eu sempre gostei da notícia. Jornalista tem a obrigação de ser repórter, na minha opinião. Apurar, ficar ligado. Não pode ser um mero reprodutor de notícia, tem que ir atrás dela. O furo é consequência. Mas o mais importante na minha opinião é a credibilidade. Não ser a primeira a dar uma informação, mas ser aquela que acreditam. 

Entrelinhas — Aliás, você é conhecida por conseguir publicar contratações de jogadores antes de todo mundo. Qual a fórmula desse sucesso?
Nadja — Como disse, o furo acaba sendo consequência do trabalho. Antes me preocupava muito com isso e confesso que chegou até a me fazer mal. Me obrigava a não perder nada. Consegui trabalhar melhor isso. A receita é simplesmente fazer o básico, acreditar: apurar, estar ligada e ser jornalista 24 horas. E claro ter uma boa agenda.

Entrelinhas — Qual a melhor parte de ser jornalista esportivo?
Nadja — Contar histórias. Viver a emoção dos 90 minutos de uma partida de futebol. Cobrir grandes eventos. Ser testemunha de histórias de superação. Poder ver de perto e contar o que é notícia. Isso também é uma responsabilidade gigante. Sou e sempre serei uma eterna apaixonada pelo que faço.

Entrelinhas — E qual a parte mais difícil, mais complicada na profissão?
Nadja — Para mim? Eu sou uma pessoa que se cobra demais. Era assim quando tentei seguir a carreira de atleta e continuo assim hoje. A parte mais difícil para mim é essa. Saber lidar com esse mundo – que não é tão glamuroso como muita gente pensa.

Entrelinhas — As redes sociais provocaram mudanças no jornalismo esportivo e na sua maneira de trabalhar?
Nadja — Mudou bastante. Antes confesso que me abalava muito com algumas critícas das redes sociais, hoje já lido muito melhor. Tento usar as redes para o que elas têm de melhor: a interatividade com o público. Não tem coisa melhor do que poder trocar uma ideia sobre a rodada, um acontecimento. Eu confesso que gosto das redes sociais, mas tem que saber lidar com as críticas também. 

Entrelinhas — Já teve problemas com os chamados 'haters'? 
Nadja — Meu maior problema não foi com hater. Acabou sendo com "colegas" de profissão. Claro que sempre tem um ou outro que passa do limite.

Entrelinhas — Ainda há machismo no jornalismo esportivo? Já enfrentou ou testemunhou esse tipo de situação?
Nadja — Existe sim. Melhorou muito, mas existe sim. Comecei no rádio e na época que me tornei repórter de campo, e vidrada em ir atrás da notícia, escutei muita coisa absurda. Sim, o que você está pensando. Se o homem dá uma notícia o reporter é bom. Se a mulher dá uma informação, o que será que ela está fazendo? Isso, infelizmente, escuto até hoje. O preconceito existe, mas cada vez mais todas nós estamos conquistando o nosso espaço com trabalho, profissionalismo. Mas os olhares tortos continuam sim. Isso sem falar das barbaridades que escutamos nos jogos. #DEIXAELATRABALHAR

Entrelinhas — Pergunta tema livre. Que pergunta faltou aqui que você gostaria de responder?
Nadja — Pelas respostas acima deu para perceber que eu sou uma pessoa extremamente sincera. O que às vezes é até um defeito. Mas sou assim. Apaixonada pelo que faço, defendo o que acredito ser correto e justo. Espero que o pessoal goste.

RESPOSTAS RÁPIDAS
Melhor jogador do mundo na história: Que eu vi: Ronaldo, sou fã.
Melhor jogador do mundo na atualidade: Messi. A bola gruda no pé dele…parece uma dança.
Três melhores jogadores do futebol paranaense em toda história: Só três? Que eu vi jogar: Alex, Washington, Alex Mineiro, Ricardinho, Saulo, Adoilson, Kleberson, Rafinha….chega a ser cruel citar três.
Três melhores jogadores em atividade em clubes paranaenses: Wilson, Renan Lodi, Lucho (o cara tem história).
Melhor técnico do mundo na história: Que eu vi: Guardiola
Melhor técnico do mundo na atualidade: Guardiola
Maior time da história do futebol: que eu vi: A seleção penta em 2002. Time? O Real de Ronaldo, Zidane, Roberto Carlos. O Barça de Messi.

Clubes do coração: O pessoal tira comigo que eu tenho tanto time. Eu sou uma apaixonada por esporte e pelas pessoas que o praticam. 
Esportes que já praticou: tênis, volei, handebol, natação, remo, hipismo
Hobbies: filme, esportes, jogos
Locais preferidos em Curitiba: minha casa. Sou muito caseira.

Três melhores jornalistas esportivos brasileiros: Pedro Bassan, Marcelo Courrege e Tino Marcos
Três melhores jornalistas esportivos paranaenses: Rogerio Tavares, Cristian Toledo e Leonardo Mendes Junior

Currículo resumido: Ensino Fundamental: Bittar e Dom Bosco. Faculdade: PUC-PR. Trabalhei na CBN e na RPC. Ganhei o prêmio de melhor repórter de televisão – prêmio ACEP