Em rodas de conversa de mães, sempre se espantam com a diferença de idade dos meus filhos: 13, 8 e 1 ano. Acham muita diferença entre eles, elogiam a coragem de recomeçar a criação de um filho e muitas vezes perguntam se o mais novo não foi um descuido, o que não é verdade. Também noto um medo crescente das mulheres de engravidar tarde, depois dos 35 anos, o que também foi o meu caso. Elas temem que a gravidez seja complicada, que não tenham pique para acompanhar quando o pequeno começar a correr por tudo.
Depois de uma conversa com uma amiga de 38 anos que está grávida com o filho prestes a completar a 10 anos, que tem vivido estes temores, me lembrei de uma outra amiga querida que está vivendo um momento muito especial na sua vida. Aos 42 anos, com um filha prestes a completar 20 anos, e com uma carreira movimentadíssima que inclui viagens, ela vive a alegria de estar grávida de Beatriz. Aliás, foi ontem que ela descobriu que o bebezinho a caminho é uma menina. Resolvi então fazer uma pequena entrevista com essa heroína. Acho que a jornalista Adriane Werner pode ser um bom exemplo para as mães e para aquelas que pensam em ser mães.
Ficar grávida do segundo filho 20 anos depois. Quais as diferenças da primeira gravidez e de agora? Mais nervosa, mais calma?
Adriane Werner – A ansiedade é a mesma. Acredito que é pelo fato de ter esperado tanto tempo pra engravidar de novo… Parece que é tudo novidade outra vez. Tenho muitas características parecidas com a primeira gestação: o formato do corpo (até agora só pareço “gordinha”, ninguém me pergunta se estou grávida). Já estou com quatro meses de gestação e os enjoos ainda não passaram…
Muitas mulheres têm medo de engravidar depois dos 35 anos. O que você diria para elas?
Adriane — A preocupação é válida. Eu sempre me preocupei também. Mas dizem que é mais arriscado ter o primeiro filho depois dos 35, então me encorajei pelo fato de ser o segundo. Foi uma gestação muito desejada, por isso eu já estava me preparando pra engravidar, fazendo acompanhamento médico. Quando minha médica me pediu uma série de exames, me encorajou: “Está tudo em ordem, como o corpo de uma menina de 20 anos!”. No mês seguinte, já engravidei… Ao todo, tentamos por apenas quatro meses e já deu certo. Mas todos os meses eu fazia exame de farmácia, achando que já estava grávida. Foi quando a médica me tranquilizou que tudo deu certo. Em novembro, ela me sugeriu aguardarmos até fevereiro, depois que passassem as festas de fim de ano, férias, etc… para pensar em um tratamento pra engravidar: “Se até lá você não engravidar, vamos adotar um passo a passo”, ela disse. Mas engravidei em novembro mesmo!
Então, digo para as mulheres acima dos 35 que querem engravidar que não desistam do sonho, mas que procurem orientação médica e façam todos os exames para avaliar cada caso…
Você está fazendo acompanhamento com outros especialistas, além do obstetra?
Adriane — Sim. No segundo mês de gestação apareceu uma alteração nos hormônios da tireóide. Desde então tenho o acompanhamento de uma endocrinologista também. Tomo remédio para a tireóide todos os dias, mas as taxas estão sob controle agora. Faço exames de sangue todos os meses.
Como você acha que será a relação da sua filha mais velha com a irmã? Você imagina isso?
Adriane — Sempre digo que ela vai ser um pouco mãe. Ela está curtindo muito. Sempre que pode me acompanha nos exames, sonha com o bebê, está tão ansiosa quanto eu. Ela mesma comenta que, quando sair com o bebê, vão perguntar se é dela…
E os preparativos, berço, roupas, está mais ou menos ansiosa que na primeira gravidez. O bebê de hoje precisa de mais ou menos coisas que o bebê de 20 anos atrás?
Adriane — Tem muitas novidades, mas vou tentar não me deixar levar por “modernices”… Estou ganhando muitos presentes e, por isso, ainda nem comprei nada. O quarto já está mais ou menos preparado, mas ainda sem o berço. Tenho lido bastante sobre a ideia de não colocar berço no quarto, mas sim preparar o colchão no chão, para a criança desenvolver mais independência sem riscos de cair (quarto estilo Montessori, com muitos estímulos coloridos, deixando tudo ao alcance da criança para que ela se sinta curiosa para explorar e descobrir seu próprio espaço.
Adriane Werner com a filha Paola, que fará 20 anos em maio