Vamos combinar, forte o título desse post, né? Mas calma aí, já me explico. Primeiro quero deixar registrado que fiz dois, não um, cursos de gestante quando estava grávida. E ainda queria ter feito um terceiro. Hoje meu filho tem quase 11 meses. Sabe o que usei do que aprendi nos cursos? Quase nada.
Bem, vamos lá. Acho o curso de gestante um negócio útil para quem, como eu, não tem experiência nenhuma com bebês. É útil durante a gravidez, porque te dá uma sensação de realmente estar se preparando para quando o baby chegar. É que nem o lance do enxoval. A gente compra milhões de coisinhas, roupinhas, apetrechos, móveis. Coloca papel de parede, pinta a casa. Tudo para poder dizer: olha só, está tudo pronto para o/a (insira aqui o nome da criança) chegar.
Vou bancar a chata aqui. Sabe o que está pronto para o bebê chegar? Nada. Nem ninguém. Não tem como, gente. A única coisa que te prepara para um bebê é outro bebê. E mesmo assim não totalmente porque cada criança tem seu próprio jeitinho.
Não estou dizendo para as grávidas aí entrarem em desespero. É para ser assim mesmo. Um nascimento é bem isso: nascer, começar. É um começo para o bebê, para a mãe, para o pai e todo mundo mais que estiver nessa. Aí vocês todos vão aprendendo juntos. Você só precisa saber de duas coisas durante esse período: vai dar tudo certo e tenha paciência. Com o bebê e com você (e com o papai).
Voltando ao curso de gestante: se ele te acalma (porque te faz pensar que está se preparando) e não faz mal nenhum, por que não fazer? Olha, tenho minhas dúvidas. Porque esse pessoal (dos cursos) é muito bem intencionado e tals, mas tem muitas coisas que eles falam que são pura bobagem.
Vou te dar um exemplo: num dos cursos que fui a instrutora ensinou um sistema complexo de mamadas cujo tempo de duração deveria ir aumentando aos poucos. O tal sistema deveria entrar em prática já no primeiro dia, assim que a mãe pudesse amamentar. E ainda fez um alerta: ela não seguiu o tal sistema e o peito dela sangrou e o bebê acabou indo parar na UTI.
Não preciso nem te dizer que a tal história da UTI, sangue etc já me deixou para lá de estressada. E não é que eu comecei a tentar amamentar e: 1) o peito sangrou e 2) o bebê aparentemente não foi avisado do sistema de horários para mamadas e seguia um cronograma próprio. E não, meu bebê não foi parar na UTI.
Outro exemplo: durante os cursos rola todo tipo de lista. De roupas, de remédios, de “acessórios”. Claro que, eles recomendam, você tem que comprar tudo para ter certeza que seu bebê vai chegar a um lar devidamente preparado. Bom, um dos tais cursos era ministrado dentro de uma grande loja de produtos infantis. Eu deveria ter percebido, mas vocês sabem como é cabeça de grávida, né?
No fim, muitas daquelas coisas foram inúteis. E só serviram para abarrotar o armário do bebê e servir de amostra do quanto me faltou bom senso durante a gravidez. Para mim, o maior exemplo disso é o tal aquecedor de lencinhos que comprei depois da instrutora do curso dizer que era “essencial” num lugar frio como Curitiba. Usamos aqui por uma semana e agora ele está escondido numa caixa emborolando no closet.
O problema é que tem várias informações úteis nesses cursos (a aulinha de como dar banho é particularmente útil, mas dá para você aprender também vendo vídeos no You Tube). Mas também tem informação ruim, opinião. E é aí que jaz o problema.
Você é nova, inexperiente e ainda não tem grandes convicções a respeito da maternidade. Então acaba indo atrás de “dicas” e “macetes” que são a maior furada. Ou então vai perceber que essa história de maternidade é cheia de grupos que defendem isso ou aquilo e que você vai ter que se virar sozinha para descobrir de que lado está. (Vai dar chupeta para o bebê? Vai usar sling? Insistir na amamentação? Ser do tipo que prega a criação com apego ou botar em prática o Nana, nenê?).
Mesmo assim você quer fazer um curso de gestante? Tudo bem. É divertido. E você ainda conhece um monte de gente que está no mesmo barco que você. Só não se esqueça que o melhor curso para mães que você vai frequentar começa no dia que o bebê nascer e ninguém sabe para onde vai te levar.
Obs: Ah, e quando alguém, no curso, disser que você TEM que comprar algo, entenda que o que a pessoa, na realidade, quer dizer: olha, eu comprei (ou vi alguém usar) e achei interessante, mas pode ser que para você não sirva. E lembre-se: depois que o bebê nascer você vai, sim, poder sair de casa para ir na loja de produtos para bebês para comprar o que, de repente, pareceu necessário.