Não, eu nunca fui o tipo da criança que brincava de boneca e até os 20 e poucos anos dizia que não queria de jeito nenhum ter filhos (como eu acabei sendo mãe de três e nenhum sem querer é assunto para outro post). Não sou o tipo de mãe que aparece na propaganda de margarina, que acorda uma hora antes dos filhos para preparar aquela mesa de café de hotel. Algumas vezes deixo a faxina para depois para ver aquele filme ou para ouvir aquele disco empoeirado.
Às vezes, ligo a televisão no canal de desenhos para que eu consiga entrar no aplicativo do banco para pagar umas contas ou simplesmente esticar as pernas no sofá. Sou uma mãe que trabalha muito e gosta de trabalhar, até mesmo fins de semana, por mais estranho que pareça. Sim, quando eu levo e busco as crianças de lá pra cá e às vezes sem querer solto um palavrão no trânsito caótico. Eu viajei uma vez sozinha para ir a um festival de rock e gostei de ficar quatro dias só no meio da multidão.
Quando as coisas dão muito errado, um filho fica muito doente, a conta fica mais vermelha que o comum, as notas do outro baixam ou a rotina massacra, eu me retiro alguns minutos e choro, sim eu choro baixinho se eles estiverem em casa e choro gritando, ao som de Radiohead de preferência, se eles não estiverem.
Não sou a supermãe, nem posso e nem quero. Ser mãe é ajudar a moldar e aparar arestas que vão surgindo no desenvolvimento dos filhos, e isso nos obriga a rever posições e pensamentos, em um conflito diário, muito humano que não tem nada de super. As mães sabem do que estou falando. São questionamentos o tempo todo: Levar ou não no médico? Deixar ou não a filha ir naquela festa? Investir ou não em uma comida mais macrobiótica? Ir ou não na escola reclamar daquela lição? Castigo ou não? Quanto tempo deixar no computador?
Não somos perfeitas, mas somos portadoras de um amor imensurável e inexplicável, que nos faz fortes e exemplares nos momentos em que precisamos ser. Não sei o que vem pela frente na minha vida de mãe, afinal são três e em idades totalmente diferentes. Há muito chão pela frente, mas finalmente aprendi que eu devo ser gente e mãe. Não sou uma entidade acima do bem e do mal e não preciso estar certa sempre. Pelo contrário, ouvir faz um bem danado neste processo todo.
Um Feliz dia das Mães para todas essas mulheres loucas que toparam esse desafio, em especial para a minha mãe, dona Tania, que me deu a força para enfrentar todos os desafios com o sorriso no rosto.