Finalmente vou estrear por aqui. Estava, há tempos, pensando numa boa história para dividir com vocês, algo que realmente ajudasse nesta dura e deliciosa caminhada da maternidade. Eis que esta semana leio nos jornais sobre a mãe que foi forçada a fazer uma cesariana no Rio Grande do Sul. Eu não vou entrar nesta discussão, mas quero contar o que aconteceu comigo para as mães que sonhavam e não conseguiram parir naturalmente. As que se sentiram frustradas como eu.

Tenho dois filhos e faz dez anos que engravidei pela primeira vez. Sonhava muito com o parto normal. Tenho quadris grandes e achava que isso facilitaria o processo. Então, uma cesária nunca me passou pela cabeça. Queria participar do parto, ajudar minha filha a nascer e vivenciar todas as emoções daquele momento. Pois bem. O que não levei em consideração é que há situações que fogem do nosso controle. A Sofia estava sentada e minha médica nem cogitou a hipótese de tentar o parto pélvico, claro. Ela me explicou sobre o sofrimento, as chances da temida cabeça derradeira, enfim, eu entendi mas não absorvi, ou seja, fui para a sala de parto me sentindo a mulher mais fracassada do mundo.

Hoje eu sei a razão. A minha vida inteira eu ouvi a minha mãe contar aos quatro ventos, orgulhosa, sobre seus dois partos normais sem anestesia. Eu queria o mesmo para mim. Eu achava que a cesária era uma cirurgia desnecessária, destinada apenas às mães mais preguiçosas e medrosas.  Ou seja, passei os primeiros anos da minha filha com vergonha disso. Quando me perguntavam – no parquinho, nas festas de aniversário, na fila do supermercado -,  se eu tinha optado pelo parto normal, respondia baixinho que eu não havia conseguido e logo explicava todas as razões para, logo em seguida, sentir aquele olhar de pena sobre mim. Que raiva.

Engravidei do André (sofri um aborto entre as duas gestações, mas isso é assunto pra outro post…) e adivinhem? Sentado. O bebê estava sentado! Eu não podia acreditar! Dessa vez tentei de tudo. Massagens, acupuntura, psicologia infantil (cheguei a implorar para que ele fosse bonzinho e virasse!), simpatias e nada.

Eu não acreditava que o filme estava se repetindo. Mas daí eu tive que mudar de médica (a minha era maravilhosa, mas deixou de ser obstetra) e a nova era dura, direta e objetiva. Ela foi firme. “Eu sou a médica que mais faz partos normais em Curitiba. Mas parto normal é para gravidez normal e a sua é de risco”. Levei um choque e, como dizem, voltei pra casinha.

Desta vez, foi diferente. Aceitei que não valia a pena colocar nossas vidas em risco e aproveitei as vantagens de um parto programado. Marquei massagens relaxantes, cabelereiro, manicure. Planejei cuidadosamente o nosso grande dia. A cirurgia foi ótima e não tive problema algum no pós-parto.

Defensoras do parto normal a todo o custo, esse post não é para vocês. Escrevo para quem sofre o que eu sofri. Não, não somos menos mães por isso.  Se você terá que fazer uma cesariana,  pense nas vantagens. O parto normal não é aquela coisa linda e maravilhosa que plantam na nossa cabeça (já viu um?), então fique tranquila. Eu não senti dores e chorei, muito, mas foi de emoção.  Amamentei os meus dois filhos durante um ano enquanto a minha mãe não conseguiu. Que tal? Cada uma vai até onde consegue ir. Fique bem e curta o seu momento, seja ele como for.