Há cerca de cinco meses há um experimento sociológico em andamento na minha casa. Temos um bebê de 10 meses: o Bernardo. B para os íntimos. Lá pelo segundo mês do B ele passou a dormir a noite toda (viva!). Mas, por volta do quinto mês ele passou a acordar nervoso na madrugada. Ele acordava, eu acordava, meu marido acordava. Daí acabou que quem passou a acordar para acalmar o B foi o marido e eu, veja só, voltei a dormir a noite toda.
Então, só para o caso de alguém não ter entendido: o bebê acorda, o marido acorda, mas a mãe continua dormindo. Certo? Então, aqui em casa, sim. Não parece certo, né? Imagino que nesse momento algumas mães torçam o nariz e fiquem irritadas comigo: como assim você não acorda? Que espécie de mãe é você?
Pois bem, desde que me conheço por mulher sei que temos o tal instinto materno e que isso iria nos fazer dar conta de cuidar de um bebê, o que inclui acordar na madrugada para ninar a cria. Mãe é mãe. Já começa a se comportar como uma ainda durante a gravidez, quando cuida da barriga como uma leoa.
Mas e os pais? Tantas mulheres querem que o pai se envolva na criação das crianças. O caminho, para eles, no entanto, não é tão óbvio. Não tem barriga, não tem cordão umbilical, não tem histórico cultural que diga o que eles precisam fazer (além de, supostamente, prover o lar e tals). O caminho do meu marido, pai do B, foi acordar de madrugada para ninar o filho (e fazer outras milhões de coisas que só ele sabe como).
Não é fácil deixar o homem assumir o papel pleno de pai. Se eu já era controladora antes, como mãe virei despótica. Quero as coisas do meu jeito. Mas o filho não é só meu, então tive que aprender a deixar o Rô cuidar do B do jeito dele. E quer saber de uma coisa? Agora quem acorda institivamente é ele. Eu? Eu nem fico sabendo quantas danças eles fizeram na madrugada.
No começo eu ficava acordada, na cama, ouvindo a dança dos dois no quarto ao lado. Só que daí eu percebi uma coisa: eles estavam bem. O B se sente tão seguro no colo do pai quanto no meu e volta a dormir placidamente. Então voltei a dormir. Ganhei uma noite de sono tranquilo enquanto eles aprendem a ser pai e filho juntos.