As ações e o processos que realizamos na nossa prática metodológica cotidiana, traz a preocupação se aquilo que estamos ofertando aos nossos alunos realmente é a melhor maneira de transmitir o conhecimento que necessitam. Por meio dessas inquietações, buscamos inovar essas práticas por meio das metodologias ativas e o uso de diversas tecnologias. Através dessas novas práticas foi possível auxiliar uma aprendizagem mais abrangente, atingindo nossos alunos com um interesse maior, fazendo com que o tema trabalhado seja significativo, assim como as emoções, que juntamente, afetam seu cognitivo e suas aprendizagens.

Neste contexto, por meio de um projeto realizado em sala de aula, pudemos dar mais significado sobre um determinado tema na vida desses alunos. Através de sugestões de autores, de palestras e desafios realizados, foi buscado metodologias ativas em nosso cotidiano com o projeto que estávamos trabalhando.

O maior desafio foi elencar o tema com a busca de inovações em nossas práticas cotidianas, com novas ferramentas de pesquisa e buscando as possibilidades das experiências serem mais vivas e relevante para os alunos. Os resultados induzem a uma conclusão de que os desempenhos dessas metodologias trouxeram um aprendizado mais significativo dos alunos e essas percepções foram vistas em cada etapa de desenvolvimento do projeto.

Professora Giliane em atividade com os alunos

As metodologias ativas estão cada vez mais presentes em nossa realidade educacional e tentar implantar elas em nosso cotidiano trazem mais benefícios e uma aprendizagem mais eficaz dos alunos. Por meio do conhecimento desses novos meios apresentados nos módulos e palestras ofertadas pelo Rotary e depois pesquisando mais afundo, aceitamos o desafio de ver como que podemos trazer essas metodologias inovadoras para a nossa aprendizagem diária, como que essa metodologia irá influenciar no comportamento e nas aprendizagens dos alunos e como que nós professores podemos modificar nossa maneira de ver esses novos métodos e tentar inovar nossa maneira de trabalhar.

Estávamos desenvolvendo um projeto sobre insetos e no momento de planejar as atividades, buscamos ter uma visão mais ampla usando as tecnologias, trazendo uma sala de aula mais lúdica e com atividades mais propícias de uma aprendizagem protagonista com diferentes experiências. Todas essas ações trouxeram diferentes percepções tanto das crianças como em nós docentes.

Logo no primeiro módulo de encontro com o professor Júlio César Luchmann podemos perceber a relevância que as emoções têm nas aprendizagens, como que essas emoções afetam algo bom ou ruim, quando realizamos alguma coisa que gera uma emoção boa temos facilidade em lembrar e memorizar aquilo que aprendemos naquele momento, mas as frustrações, erros e estresse podem gerar emoções ruins. Essas emoções de maneira geral, estão relacionadas a aprendizagem dos nossos alunos. Elas influenciam a trilha funcional de cada um, sendo essa trilha composta pela parte cognitiva, executiva, funcional e conotativa e que para demandar em uma aprendizagem mais eficaz devemos sempre associar a boas emoções e boas experiências.

Na fala do nosso palestrante já veio a memória as ações da sala de aula e a lembrança do projeto que estávamos realizando em sala, esse projeto veio por interesse e emoção das crianças ao acharmos uma lagarta em nossa sala. Esse contato das crianças com a lagarta já trouxe diversas indagações e afinidade com ela. Também a emoção do novo: o que a lagarta pode fazer conosco? Será que ela queima ou nos machuca? Podemos pegá-la? E como ela veio parar aqui? O que ela come? No que ela irá se transformar? Por meio dessas emoções decidimos fazer um espaço para nossa lagarta e depois nomear ela. Todas essas ações já levaram a uma série de emoções, que geraram as indagações e curiosidades, que por fim nos levaram a pesquisar mais sobre elas. Essas pesquisas levaram a novas aprendizagens e todas elas associadas a diferenciadas emoções.

Capacitação durante o módulo neurociência, empatia e relações comportamentais

As aprendizagens segundo o autor Penna é a junção da função cognitiva e a formação de mapas cognitivos em função dos quais emitem respostas e para que está aprendizagem possa ser efetivada de maneira mais rápida é necessária uma motivação, que por sua vez, é um processo mediacional, é o fator que desperta algo a ser aprendido. Junto a esse processo temos as emoções, que enfatiza o seu sentido organizador e adaptativo promovendo a motivação. (PENNA, 1980).

Desta forma, as relações de aprendizagens sempre estão ligadas a uma motivação e às emoções, deste modo, como docentes devemos sempre despertar uma melhor forma de ofertar diferentes meios motivacionais.

No caso de nosso projeto sobre insetos tivemos como motivação o interesse daquilo que as crianças esperavam saber sobre a lagarta e sobre outros insetos que encontramos com frequência em nosso parque. Entre eles, as crianças mencionaram as abelhas, borboletas, as formigas, e os tatus-bolinhas. Por meio desse interesse fomos em busca de novos conhecimentos sobre esses insetos e de diferentes ideias que pudessem aguçar cada vez mais esse conhecimento.

Em continuação as palestras ofertadas, tivemos mais um incentivo com a palestrante Isabelle Moletta, que compartilhou seu conhecimento sobre a temática das metodologias ativas, trazendo um vídeo de José Moran especificando mais sobre a relevância de utilizar essas metodologias em sala de aula. Dando mais significado aos trabalhos que tem como foco mais projetos, o aprendizado com significado, o aprender com um colega e não ter somente o professor como referência, aprender com materiais de pesquisas, manipulações e jogos. Trazer um sentido invertido de pesquisa, como por exemplo, trazer imagens e curiosidade e as crianças irem atrás para pesquisar e descobrir mais sobre esse assunto.

O programa Professor Inspiração foi desenvolvido pelo Rotary para apoiar a valorização dos educadores

Através dessas sugestões, buscamos colocar em prática por meio de nosso projeto. Já havíamos começado a observação de todas as fases da nossa lagarta, ela estava virando casulo e estávamos ansiosos esperando por mudanças. Dando continuidade aos interesses sobre insetos conversamos sobre as abelhas, primeiro com imagens vendo os diferentes tipos de abelhas que existem, depois de pesquisarmos, descobrimos que existem várias espécies, entre elas, temos as abelhas sem ferrão. Em nossa escola temos uma espécie de abelha chamada Mirim, que adotou uma árvore para morar. Então com lupas fomos observar elas, ver seu tamanho, o que elas têm de diferentes das abelhas que vimos nas imagens. Depois disso, pesquisamos mais sobre essas abelhas, com indagações como: por que será que elas vivem naquela árvore? Quando as crianças por meio das pesquisas souberam que havia uma abelha rainha, ficaram empolgadas para vê-la. porém vimos que ela é muito importante para a colmeia e por isso que ela tem que permanecer escondida.

A empolgação das crianças vendo as abelhas com as lupas foi muito produtiva, algumas delas comentaram que achavam que aquela abelha era uma mosca e não abelha, por causa de seu formato, outras ficaram bastante tempo observando a porta da entrada da colmeia para ver o que aquelas abelhas iriam fazer, porque como as crianças falaram, algumas ficavam ali na “portinha”. Por coincidência, neste dia achamos uma borboleta no parque também e aí muitas crianças foram observá-la com a lupa. Todos esses momentos mostravam que as crianças estavam motivadas e queriam saber mais sobre as borboletas e as abelhas.

Em outro dia, para ter mais interesse dos detalhes que vimos nas abelhas, fizemos uma abelha com massinha. Foi interessante ver as crianças reproduzirem os detalhes que observaram nas abelhas, algumas fizeram até as quantidades de patas que as abelhas têm, como que eram seus olhos, o tamanho da asa para seu corpo e outros detalhes que foram relevantes.

Por meio dessas atividades e pesquisas tentamos trazer um pouco dessa metodologia ativa, que segundo Moran (2018):

Aprender ativamente é quando alguém mais experiente nos fala e aprendemos quando descobrimos a partir de um envolvimento mais direto, por questionamento e experimentação. O fato das aprendizagens serem ativas está relacionado com a realização de práticas pedagógicas para envolver os alunos, engajá-los protagonistas da sua aprendizagem. Assim, as metodologias ativas procuram criar situações de aprendizagem nas quais os aprendizes possam fazer coisas, pensar e conceituar o que fazer e construir conhecimentos sobre os conteúdos envolvidos nas atividades que realizam, bem como desenvolver a capacidade crítica, refletir sobre as práticas realizadas, fornecer e receber um feedback, aprender a interagir com colegas e professores e, além de explorar atitudes e valores pessoais.

Cada vez mais as pesquisas na neurociência comprovam que o processo de aprendizagem é único e diferente para cada ser humano, que cada pessoa aprende o que é mais relevante e que faz sentido para si, o que gera conexões cognitivas e emocionais. Desta forma, buscamos nas atividades que realizamos deixar a criança livre para escolher aquilo que foi relevante para ela, qual abelha ela gostou mais, porque quis reproduzir esse tipo de abelha e não outra, porque algumas quiseram observar com a lupa mais que outras, assim como a mediação do professor, que pode auxiliar a criança nas pesquisas e curiosidades ao manusear os computadores e tablets, para saber mais do assunto e tantas outras indagações. Foi percebido nesse processo que alguns fatos tinham mais sentido para um colega do que para outro. Nos momentos das crianças reproduzirem por meio de um desenho tudo que foi visto e pesquisado, percebemos o seu foco de interesse e a aprendizagem que tiveram.

Além das novas metodologias com o autor Morin e seus saberes para uma educação do futuro, podemos perceber que além das aprendizagens para si próprio as crianças nesse processo de aprendizagem estão tendo uma compreensão humana, ou seja, juntas elas podem também ter uma promoção humana e uma preocupação com o futuro, que isso só é possível quando todas as ações demostram uma perspectiva de se preocupar com o próximo e como aquelas ações são relevantes no futuro para todos.
Como Morin (2004) destaca a:

Missão propriamente da educação: ensinar a compreensão entre pessoas como condição e garantia de solidariedade intelectual e moral da humanidade. O outro não apenas é percebido objetivamente, é percebido como outro sujeito com o qual nos identificamos conosco. Compreender inclui, necessariamente um processo de empatia, de identificação, a compreensão pede abertura, simpatia e generosidade.

Um exemplo dessa compreensão humana é ver a importância que foi apresentado em nosso projeto sobre as abelhas, para nós seres humanos observarmos que juntos podemos preservar a espécie delas e garantir melhores condições de vida para todos nós. Identificar que precisamos cuidar juntos e que as ações só são relevantes se realizamos com o apoio de todos. É ter empatia em se preocupar com a natureza, com outros seres vivos e com o nosso compromisso de preservação, de se tornar um ser humano melhor e com atitudes melhores. É ter o olhar sensível para a natureza, para o que nos cerca e que não precisamos nem sair de nossa escola para ver a diversidade de outros seres vivos, ou seja, mesmo um grupo de insetos tem sua relevância para a preservação da vida e da natureza.

Educadores do CEI Expedicionário e da Escola Municipal Joana Raksa foram os primeiros a participarem do programa

Por fim, com o palestrante Thiago Freire entendemos como que a criatividade e a inovação podem ser aprendidas, para ativá-las precisamos somente de foco e força de vontade. Com a criatividade podemos criar um repertório, com novos caminhos, mostrando novas possibilidades. Por exemplo, quando apresentamos as crianças a brincadeira de pega-pega diferente do tatu-bolinha, pesquisamos o porquê que esse “bichinho de jardim” se enrola toda vez que alguém chega perto. Então brincamos de ser tatus-bolinhas e ter um caçador para capturá-los e as crianças foram criando regras e novos desafios em nossa brincadeira. Assim criamos juntos um repertório diferenciado de brincadeira e que todos foram enriquecendo com novas ideias.

Uma frase marcante na palestra do professor Thiago é que o professor empreendedor é aquele que aprende e trabalha em equipe, ele é um poderoso canal de mudança. Como docente, o que mais desejamos é ser um agente de mudança, é trazer as inovações e sugestões de uma melhor educação para a sala de aula e ver por meio dessas inovações que estamos garantindo um melhor aprendizado de nossa alunos e ver que além de conhecimento, estamos também garantindo a promoção humana.

Com o nosso projeto sobre insetos, pudemos buscar muito mais do que pensávamos no começo, o interesse e as ações, como que o projeto vai se desenrolar, quais aprendizagens e percepções que as crianças tiveram em cada etapa. Tudo é imprevisível e conforme foi se desenrolando, foi nos surpreendendo e superando com cada etapa. As vezes algo que como docente achava que teria mais relevância, acabou não sendo tão relevante e algo que pensava que passaria despercebido, tomou uma proporção bem maior e trouxe muita mais significado.

Muitas vezes as próprias crianças trazem com seus anseios novos paradigmas e novas formas de trabalhar. Trazem sugestões e desafios, novas perguntas a serem respondidas e novas ideias. Desta forma, aceitando todas as ações com uma metodologia mais ativa e aberta a mudança, conseguimos alcançar mais aprendizagens e atender um conhecimento mais abrangente.

Ressalta-se que com a oferta de temas abrangentes para uma prática pedagógica inovadora e com novos desafios, trouxe uma percepção diferenciada de como planejar e aplicar nossa metodologia no cotidiano, assim como auxiliar nossa prática com o uso das tecnologias. Deste modo, essa expansão tecnológica com diversidade de informações e ferramentas de comunicação, podem auxiliar com pesquisas, aplicativos, jogos e outros meios que tornem o conhecimento mais atrativo para nossos estudantes.

No decorrer do curso, os palestrantes mostraram que as ações docentes e aquilo que ofertamos podem ser relevantes nas aprendizagens que proporcionamos, sendo mediadores desse conhecimento, por meio de uma metodologia que facilite suas percepções e aprendizagens.

Integrar as metodologias ativas em nossa prática, não esquecendo da relevância das emoções, afetam a forma do aluno reter novos conhecimentos, trazendo diferentes percepções de trabalho e como podemos abordar temas variados tendo como ênfase o aluno e seu protagonismo.

Giliane Ruana Stratmannp é professora da educação infantil na rede municipal de Curitiba e seu artigo foi o grande vencedora da primeira edição do programa Professor Inspiração.

Para conhecer mais sobre o programa acompanhe o Rotary Club Satélite de Curitiba Norte Inspiração nas redes sociais @rotarycwbinspiracao