Durkheim afirma que a religião é um fato social porque nela evidencia-se o coletivo. (Imagem: Pixabay)

Nascemos em uma sociedade já estruturada e que molda nosso pensamento desde nossos primeiros momentos de vida. Somos fruto de uma complexa rede de relações, cultura, experiências e maneira de se relacionar com o mundo. E, dentro dessa dinâmica, ao mesmo tempo em que os homens constroem a sociedade coletivamente, ela os vai moldando para que determinados modelos de comportamento e de estruturas se perpetuem.

Partindo dessa ideia, Emile Durkheim deu o nome de “fato social” a todo fenômeno com origem na sociedade, que obedece a alguns elementos indispensáveis para sua existência: a coerção social, que leva as pessoas ao conformismo em relação às regras da sociedade em que vivem, sem pensar em sua liberdade de vontade e de escolha; a exterioridade, uma vez que os fatos sociais atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade ou de sua adesão consciente, ou seja, são exteriores aos indivíduos; a generalidade, ou seja: é  social todo fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles. 

Dentro desse contexto, é possível entender que o fato social está além de todas as sociedades, sendo um fenômeno de ordem muito mais amplo e geral, para o qual diferentes sociedades respondem de maneiras diferentes ao longo da história.

Por que Durkheim afirma que a religião é um fato social?

Durkheim afirma que a religião é um fato social porque nela evidencia-se o coletivo em relações de coordenação e subordinação. Numa crença religiosa, as práticas de gestos, atos e atividades espirituais são também fruto de um tipo de coerção social acolhida ou muitas vezes imposta aos seus seguidores através de regras e normas institucionais. Por ter caráter exterior aos indivíduos, ou seja, por não depender de vontades ou escolhas pessoais para sua existência, a religião é um fato social porque se encontra generalizada na sociedade e pode revelar elementos que são explicados de uma maneira muito mais certeira quando analisados dentro da lógica da sociedade em que está inserida.    

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Ana Beatriz Dias Pinto, é comentarista convidada do blog e nos traz reflexões sobre temas atuais e contextualizados sob a ótica do universo religioso, de maneira gratuíta e sem vínculo empregatício, oportunizando seu saber e experiência no tema de Teologia e Sociedade para alargar nossa compreensão do Sagrado e suas interseções.