A minha filha de 12 anos vem me contar dos dissabores das relações dela. Aquela bobagem super relevante da pré-adolescência sobre amigos que dão mais atenção para X do que Y, comentários que nem sempre são levados na brincadeira e uma abobrinha comportamental que você identifica claramente como típico da idade, certo? Nem tanto.
Noto que algumas pessoas da faixa dos 30, 40 e pasmem, até de 50, andam por essa trilha meio “Kiko do Chaves”, onde costumam chorar no murinho virtual, suas desventuras no relacionamento humano, uma vez que é contrariado.
Birra! Intransigência e logo o mau-humor, quando não vira agressividade. E como isso acontece? A maturidade não é aquele ponto onde a gente mais observa, entende que alimentar expectativas de tudo e todos é responsabilidade nossa e que os contrapontos são importantes para o crescimento?
Quando você precisa sempre pisar em ovos com alguém, a coisa não é normal, concordam? Porque dessa forma a nossa autenticidade vai para o limbo. Sermos sensíveis e até políticos em algumas situações faz parte. No entanto, quando isso é algo esporádico e não permanente.
O psicólogo e psicoterapeuta especializado em Psicologia Comportamental Clínica da USP, Umberto Anselmi é taxativo: “um adulto com comportamento mimado, é um adulto com baixa tolerância à frustração; que não se adapta a intercorrências, sofre demais e tem dificuldades de adaptação a contextos e circunstâncias e as consequências disso, podem gerar um transtorno de humor e deprimir”.
Como identificar um mimado na fase adulta?
Sabe aquela pessoa que detesta ser contrariada? Ou que surta de repente, depois vem mansa como se nada tivesse acontecido? O que leva um adulto a se comportar dessa maneira? Sobre esses pontos, Anselmi destaca que a origem pode “estar na infância, quando os adultos no seu entorno ficaram muito atentos às contingências dele e não o deixaram entrar em contato com frustração o suficiente para aprender”, analisa o psicólogo.
E aqui alguns comportamentos típicos do adulto mimado;
● Dificuldade em se adaptar à mudanças
● Insistência demasiada em impor sua opinião
● Inflexibilidade
● Bloqueios em desenvolver relações afetivas
Entretanto, há alternativas quando esse comportamento é recorrente. O básico, de acordo com o terapeuta e nosso bom senso de cada dia, tomar as frustrações como aprendizado e “se tornar mais flexível, como uma árvore, suficiente para dançar conforme o vento, mas forte para não quebrar na tempestade”, finalizou Anselmi.
O mimado, na minha opinião, deve ser o mimo, o presente, a atenção especial de forma natural e espontânea. Mais do que isso, se requer tratamento e ajuda ou em alguns casos, a solidão involuntária!
*Ronise Vilela é jornalista, escritora, poeta, criadora do @dimondicomunicacaoafetiva e praticante de ferramentas de processos energéticos